O Agrupamento de Escolas Templários, em Tomar, já é conhecido pelas suas várias iniciativas relacionadas com a preservação da cultura. É neste contexto que a participação do Agrupamento na Festa dos Tabuleiros assume particular relevância. Fomos falar com Paulo Macedo, o diretor do Agrupamento, que nos falou de todas as atividades onde participaram nesta celebração.
A Festa dos Tabuleiros regressou a Tomar este ano, cumprindo a sua periodicidade quadrienal. Apesar de se realizar entre dia 1 e 10 de julho, todo o seu ambiente cultural e festivo é vivido desde a Páscoa. Este ano, Tomar pôde orgulhar-se de realizar uma festa já inscrita no Património Imaterial Nacional.
O Agrupamento de Escolas Templários é frequentado por 2210 alunos, distribuídos por 18 escolas, sendo estas de ensino básico e secundário. Todas elas participaram na organização da Festa dos Tabuleiros com o entusiasmo habitual dos seus alunos. As ornamentações das ruas são das primeiras atividades de preparação, as quais costumam ser asseguradas pelos próprios moradores. No entanto, as ruas da parte antiga da cidade estão a ficar despovoadas, o que levou a Comissão Central da Festa a convidar os agrupamentos de Tomar a ornamentar esse conjunto de ruas. Este ano, foi atribuído ao agrupamento dirigido por Paulo Macedo a rua de São João: uma rua larga que necessita de muitas flores de papel. Para além da ornamentação, os alunos também animaram a rua com atividades promovidas pelo agrupamento e no âmbito do seu Plano Nacional das Artes.
O Domingo de Páscoa marca a primeira saída de Coroas e Pendões, repetindo-se este processo mais seis vezes. O agrupamento também não podia deixar de participar, tanto nas ornamentações das ruas e das escolas por onde passam as Coroas e Pendões, como na quarta saída que passou mesmo em frente à escola secundária Jacôme Ratton. Foi realizada aí uma paragem técnica, permitindo que os moradores da rua entrassem dentro da Escola e pudessem fazer parte do convívio ali criado.
As crianças do 1.º Ciclo também participaram na preparação da Festa dos Tabuleiros, realizando trabalhos alusivos a esta celebração, no âmbito da disciplina “História e Tradições de Tomar”. Esta disciplina foi criada em 2021 pelo Agrupamento, pretendendo ensinar toda a história de Tomar às crianças, incluindo, claro está, a Festa dos Tabuleiros. Ainda mais recentemente, os conteúdos desta disciplina, que é lecionada no 1.º Ciclo, também foram integrados e aprofundados na disciplina “História e Geografia de Portugal”, lecionada ao quinto e sexto anos.
Constata-se um grande envolvimento das crianças nestas celebrações, o que evidencia a fortíssima ligação desta tradição às gentes de Tomar. Paulo Macedo confessa mesmo que não estava à espera de que a disciplina tivesse impacto tão rapidamente, mas assim foi: “as crianças encaram tudo aquilo que vêm na cidade, o património histórico, que é imenso em Tomar, noutra perspetiva e com muito mais interesse. Era precisamente esse o objetivo”.
A somar a todas estas atividades não podia deixar de regressar o Cortejo dos Rapazes, tanto em Tomar como em Lisboa. No dia 2 de julho, as crianças do pré-escolar desfilaram com as suas cestinhas preparadas pelos seus pais e educadoras e as meninas do 1.º Ciclo transportaram os tradicionais tabuleiros. Participaram cerca de duas mil crianças, tanto de Tomar como de concelhos próximos.
Já em Lisboa, é a segunda vez que acontece, depois do sucesso da primeira edição. O mini cortejo, com a participação de cerca de 130 crianças, realizou-se a 4 de julho e contou com tudo o que seria de esperar – as Coroas, Pendões, aguadeiros, entre outros objetos tradicionais. A DGEstE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) associou-se ao entusiasmo dos pequenos participantes propondo ao agrupamento a realização de duas exposições com trabalhos elaborados pelas próprias crianças sobre a Festa dos Tabuleiros: uma no edifício da DGEstE e outra no mercado de Alvalade, bem no centro de Lisboa.
O investimento na cultura, tecnologia e indústria
O Agrupamento de Escolas Templários está envolvido em vários projetos culturais, pretendendo continuar a desenvolvê-los e a crescer ainda mais. O agrupamento investe em cursos profissionais especializados na área cultural, tais como “Artes do Espetáculo – Intérprete, Ator, Atriz”, “Instrumentista de Sopro e Percussão” e “Instrumentista de Cordas e Tecla”. “É um ganho muito grande e é com muito orgulho que digo que já tem impacto,” afirma Paulo Macedo. Ainda na semana da criança, o agrupamento abriu duas exposições com trabalhos elaborados pelos alunos de artes.
Para além da vertente das artes, o agrupamento participou nos concursos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), de modo a conseguir apoio na vertente tecnológica e industrial. Numa primeira fase só conseguiram aprovação do centro tecnológico especializado de informática, tendo à sua disposição um investimento de 600 mil euros. No entanto, já se candidataram à segunda fase, esperando aprovação na área industrial para poder reinvestir em equipamentos para o curso profissional de “Técnico/a de mecatrónica”.