EDITORIAL – EDIÇÃO 4 | JULHO 2023

EDITORIAL – EDIÇÃO 4 | JULHO 2023

Por estes dias, enormes e cheios de luz, lembro-me com frequência de um hábito que eu tinha quando era criança. No dia do meu aniversário (sim, em pleno verão) levantava-me sempre cedo para ver o sol nascer e aproveitar ao máximo esse que entendia ser o “meu dia”. E tinha de ser mesmo bastante cedo, já que o sol nasce nesta altura pouco depois das seis da manhã. Era o tempo das férias intermináveis, três meses que pareciam uma era inteira. De cada vez que regressávamos à escola parecíamos todos diferentes, inevitavelmente um pouco maiores. Habituados que estávamos a ver os colegas todos os dias, era depois desse período que reparávamos sempre com mais atenção nas pequenas alterações que todos íamos sofrendo enquanto crescíamos.

A nossa revista também vai crescendo, a caminho do primeiro ano de vida, em que temos feito várias viagens pelo nosso país – dos locais mais prováveis a outros mais profundos.

Com os muitos municípios que vamos destacando nas nossas páginas, é inevitável que me vá recordando dos pequenos ou grandes significados que cada um tem ou teve por lá ter passado, veraneado, trabalhado ou vivido. Creio que é mesmo um dos principais encantos de uma revista como a nossa – poder dizer sempre muito a alguém que nos leia e que veja aqui retratada a sua terra, a dos pais ou avós, por exemplo. Ou um destino que tenha marcado o início de alguma coisa. Aquele sítio onde passava as enormes e desejadas férias do verão, ou onde esteve apenas uma vez, mas deixou das melhores memórias, qualquer coisa como “as melhores férias de sempre”. Dito assim, com a ingenuidade feliz de quem só está a pensar naquele momento que está a viver, sem comparações desnecessárias.

Dos diferentes temas que possam ir pontuando esta Portugalidade, há assim sempre algo em comum, que torna este trabalho de lhe dar coerência, de alguma forma, mais fácil. Seja pelas praias fluviais ou marítimas, pelas festas e tradições locais, pela fé e pelos seus caminhos ou por todos os patrimónios que fazem de nós quem somos, há todo um país para fruir e sentir. Das montanhas e do verde “lá de cima” às planícies do Sul, das praias atlânticas às ruas e avenidas das cidades a que chamamos nossas, há aqui, sem qualquer falsidade, um verdadeiro privilégio de poder dar cor e voz as estas páginas com o tanto que nos chega de todas essas regiões.

Visitá-las é um prazer inegável, apesar de todos os nossos defeitos que nos levam a dizer “só neste país”, até porque cada um de nós, à sua medida, contribui para fazer dele o que é. E eu, sem querer comprometer mais ninguém com esta opinião tão pessoal, gosto de guardar de cada sítio o que de melhor ele me deu.  

Obrigado, e boas férias!

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