Em Portugal, a região do Alentejo tem desempenhado um papel fundamental na preservação dos vinhos de talha, mantendo viva até aos dias de hoje a antiga técnica de produção introduzida e desenvolvida pelos romanos. Com o passar do tempo, a arte de produzir vinho em talhas tem sido transmitida de geração em geração, mantendo-se praticamente inalterada.
Entre as povoações de Vila Alva e de Vila de Frades encontram-se as vinhas mais antigas desta zona do país, muitas delas plantadas antes de 1930. Estas vinhas velhas produzem uvas de castas brancas e tintas tradicionais do Alentejo, algumas delas quase em extinção. É o caso de Antão Vaz, Roupeiro, Manteúdo, Diagalves, Larião e Perrum. Mas, é “destes cachos de refinada qualidade, que se produz o famoso Vinho de Talha”.
Este território com Vinhas Centenárias, amplas paisagens e uma vila branca é considerada por muitos como “a aldeia mais branca de Portugal”. Aqui, contam-se já inúmeros percursos pedestres, entre os quais Vinhas Centenárias de Vila Alva, que constituem parte integrante da oferta de promoção turística e do património local.
As Vinhas de Cuba, onde se incluem as de Vila Alva, representam uma situação singular na produção de vinho no Alentejo. Embora não sejam caso único, representam a produtividade em minifúndios, o que difere do padrão predominante de produção nas restantes áreas da região.
No município de Cuba, o clima manifesta características tipicamente mediterrânicas, com temperaturas mais amenas. Por outro lado, a Vidigueira apresenta invernos mais brandos e embora os seus verões sejam extremamente quentes e secos, são suavizados por uma brisa fresca proveniente do Atlântico. A elevada exposição solar favorece uma excelente maturação das uvas, contribuindo para aprimorar a qualidade do vinho.
Os microclimas aqui gerados são “extraordinários” para o desenvolvimento da uva, uma vez que resultam “cachos mais concentrados, complexos em aromas e sabores, que permitem a produção de vinhos intensos e cheios de personalidade”.
A produção deste vinho envolve vários fatores, incluindo o tratamento da talha e o revestimento do seu interior. O momento de inserir a torneira permite que o vinho filtrado flua para a ânfora de barro, proporcionando o “tão tradicional ‘aparadinho’, tradição de encher o copo diretamente da torneira”, que tem vindo a ser divulgada e difundida.
Na Casa das Talhas, o espaço de enoturismo da Adega, é possível ver onde e como é produzido o Vidigueira Vinho de Talha, ficar a conhecer todo o processo de vinificação e apreciar uma prova deste “vinho único, elaborado com uvas brancas de Vinhas Centenárias”.