O Museu e Igreja da Misericórdia do Porto reúne tradição, alma, música e até um ‘mundo dos sonhos’ nesta quadra festiva. Nas várias representações que lá é possível encontrar, há homenagens a Arraiolos e à Serra da Estrela.
Ao longo deste mês de dezembro, o Museu e Igreja da Misericórdia do Porto tem tido uma agenda de atividades para diferentes públicos, que contempla uma exposição, um concerto, um workshop e um conto infantil, além da instalação artística que faz a osmose entre traços culturais do ponto mais alto de Portugal com outros típicos das planícies mais a sul. Neste último caso, a referência vai para a inauguração da árvore de Natal, que este ano é inspirada na Serra da Estrela e no tapete de Arraiolos.
Intitulada “A Estrela da Serra” e resultado do trabalho conjunto do grupo “O Valor do Tempo” e do Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria, a instalação que deu início ao calendário de iniciativas da Misericórdia do Porto exibe sete camadas de novelos suspensos, transformando a lã da ovelha serrana em pontos tridimensionais organizados graficamente por cores, de onde é extraída uma referência ao pontilhismo, corrente artística derivada do movimento impressionista.
O musgo com a caraterística cor verde, os tons do granito, do frio do inverno e do calor do lume, o azul do céu e o amarelo do sol e da estrela que tradicionalmente coroa a árvore, evocam a paisagem da Serra da Estrela e permitirão aos visitantes sentir as texturas e explorar a cromatografia da obra.
“A instalação presta homenagem aos pastores da Serra da Estrela, cujo trabalho silencioso sustenta a paisagem e mantém viva a produção artesanal da lã. Cada novelo representa a história das mãos que trabalham este material, transformando-o em arte, memória e narrativa visual”, explicam os criadores do conceito.
A exposição “É preciso ter alma”, de Carla M., que está patente até 1 de março de 2026 e “que desafia os ditames tradicionais da arte e os padrões estereotipados da beleza feminina”, reúne pinturas sobre cerâmica e telas que exploram temas como a metamorfose e a liberdade.
Durante este mês, a Igreja Privativa da Misericórdia do Porto foi palco para o Concerto de Natal, protagonizado pelo Quarteto Provocalis, pelo Coro do Ateneu Comercial do Porto e pelo Coro Corpus Christi (da Cooperativa Gaia Maior – Academia Sénior), sob direção artística da maestrina Lígia Castro.
Também pelo Museu houve uma oficina, que fundiu expressão artística, terapia e sonho, orientada por Maria Antónia Jardim, e uma atividade designada a Hora do Conto “O Tripinhas”, destinada a crianças dos seis aos dez anos.