José Tolentino Mendonça regressa com Para os Caminhantes Tudo É Caminho, uma meditação sobre o sentido da vida e o poder transformador da esperança.
Publicado pela Quetzal a 13 de novembro, o novo livro de José Tolentino Mendonça confirma o lugar singular do cardeal e poeta madeirense entre as vozes que, em português, mais profundamente têm refletido sobre a espiritualidade contemporânea. Para os Caminhantes Tudo É Caminho é um convite à contemplação, um livro de silêncio e de travessia interior que fala de amor, perdão, perda, tempo e recomeço. Temas que atravessam toda a sua obra e que aqui se condensam numa escrita depurada e luminosa.
«Chegará o momento em que compreenderemos que sabedoria é amar tudo», escreve Tolentino, num gesto que aproxima a fé do humano e a teologia da experiência quotidiana. O livro não pretende ser um tratado nem um sermão. Trata-se de um percurso feito de breves meditações que convocam o leitor a reencontrar o essencial num mundo saturado de ruído. “Saudar os dias sem esquecer a importância das horas; contemplar as grandes torrentes sem deixar de agradecer cada gota de orvalho; estimar o pão sem esquecer o sabor das migalhas.”
Cardeal desde 2019 e atual prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, Tolentino Mendonça tem procurado construir pontes entre o sagrado e o profano, entre a palavra poética e a palavra bíblica. É esse movimento que Pedro Mexia sublinha ao descrevê-lo como alguém “com um gosto particular em fazer pontes com pessoas que não têm as mesmas convicções ou a mesma visão do mundo”, uma qualidade que o Papa Francisco também reconheceu ao agradecer-lhe o apelo “a abrir-se sem medo, sem rigidez”.
Natural de Machico, José Tolentino Mendonça estudou Ciências Bíblicas em Roma e vive no Vaticano desde 2018. Foi responsável pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo Secreto do Vaticano, e é autor de uma vasta obra ensaística e poética distinguida com os prémios Pessoa e Eduardo Lourenço, entre muitos outros. Desde 2017, publica pela Quetzal títulos que têm marcado a reflexão espiritual portuguesa, como Elogio da Sede, Teoria da Fronteira ou A Mística do Instante.
Em Para os Caminhantes Tudo É Caminho, Tolentino retoma essa linha de pensamento, lembrando que a esperança não é uma emoção vaga, mas uma prática quotidiana: a arte de permanecer desperto para a beleza, mesmo quando o mundo parece cansado. O livro lê-se como um companheiro discreto, um guia para tempos de perplexidade e um bálsamo para quem procura reencontrar sentido nas coisas. Com o Natal à vista, impõe-se como uma leitura que devolve o silêncio e a medida do essencial.

