Candidatura da Calçada Portuguesa a Património da Humanidade entregue à Unesco

Candidatura da Calçada Portuguesa a Património da Humanidade entregue à Unesco

A calçada portuguesa pode estar mais perto de ser reconhecida como Património Cultural Imaterial da Humanidade. A Associação da Calçada Portuguesa entregou a candidatura desta arte centenária à Comissão Nacional da UNESCO, num processo que envolveu mais de 50 calceteiros, oito municípios e mais de 20 instituições.

O objetivo desta candidatura é preservar e promover um símbolo identitário nacional, cuja sobrevivência está ameaçada. O trabalho de preparação decorreu ao longo de três anos e contou com o apoio de mais de 20 instituições públicas e privadas. Os municípios de Braga, Estremoz, Faro, Funchal, Lisboa, Ponta Delgada, Porto de Mós e Setúbal estiveram envolvidos na iniciativa, que visa valorizar o conhecimento, a técnica e a mestria dos calceteiros, bem como de artistas plásticos que, ao longo dos anos, contribuíram para a evolução e preservação desta prática.

A Associação da Calçada Portuguesa destaca que a calçada não é apenas um elemento decorativo das cidades portuguesas, mas uma marca identitária que atravessa gerações e fronteiras. “Ao longo do tempo, a calçada portuguesa consolidou-se como uma das principais referências culturais, identitárias e estéticas do território nacional – continente e ilhas -, sendo também um elemento fundamental da paisagem urbana”, refere a entidade promotora em comunicado.

Presente em várias regiões do mundo, a calçada portuguesa pode ser encontrada em países como Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor-Leste, Espanha, Canadá e Estados Unidos, entre outros. Esta expansão geográfica é vista como um testemunho da sua relevância cultural e histórica, justificando a sua candidatura ao estatuto de Património Cultural Imaterial da Humanidade. Apesar da sua riqueza histórica e cultural, a arte da calçada enfrenta sérios desafios. A diminuição do número de mestres calceteiros, a falta de manutenção e a substituição por outros tipos de pavimentos são ameaças identificadas pela associação. Em 1927, Lisboa contava com cerca de 400 calceteiros, mas em 2020 esse número reduziu-se para apenas 18, dos quais apenas 11 estavam no ativo.

A Associação da Calçada Portuguesa reforça que esta candidatura é também um apelo às entidades públicas e privadas para que reconheçam esta arte como um património estratégico a preservar, promovendo medidas concretas para garantir a sua continuidade.

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