A fronteira do concelho de Serpa com Espanha terá dado origem a que este território tenha sido, e seja ainda, uma das portas da Europa nos Caminhos de Santiago.
Segundo o historiador Humberto Baquero Moreno, Serpa no passado foi “um dos itinerários mais utilizados, não só pelos peregrinos vindos da Andaluzia ocidental, designadamente de Huelva e Sevilha, mas também dos oriundos da região e do Sotavento algarvio.” Este itinerário começava habitualmente em Serpa e conduzia à travessia do rio Guadiana no termo de Beja, seguindo depois para Norte, em direção a Alvito e dali para Évora”.
O mesmo historiador refere que “as fontes escritas, incluindo os relatos de alguns viajantes ilustres, mencionam Serpa como porta da Europa com entrada na fronteira com a Estremadura espanhola”. Entravam assim em Portugal, “vindos de Sevilha, pela via que desde a fronteira, em Vila Verde de Ficalho, se dirigia a Serpa. Daí seguiam rotas diferentes para Lisboa, na demanda de Compostela”.
Embora hoje não se consiga reconstituir as estruturas de apoio, tanto do ponto de vista espiritual como assistencial, que serviriam os transeuntes nacionais e estrangeiros em Serpa, não há dúvida de que o concelho estava na rota de uma via de peregrinação jacobeia muito utilizada, a que conduzia os viandantes oriundos da Andaluzia para o Norte.
Atualmente não temos informação sobre o número de peregrinos que possam passar ou pernoitar pelo concelho de Serpa, apesar deste ser atravessado pelo Caminho da Raia (inserido no projeto “Caminhos de Santiago no Alentejo e Ribatejo”, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, desde 2019).
Mas, apesar disto, o concelho de Serpa, enquanto território guardião de um repositório de tradições, de artes e ofícios, de saber fazer, convida à descoberta ou à revisitação do seu património cultural, humano, edificado, monumental, religioso, rural, ambiental e paisagístico.
As festas tradicionais e religiosas, e as feiras ao longo do ano, o urbanismo e a arquitetura popular, vernacular e erudita, o centro urbano da cidade de Serpa, classificado como Conjunto de Interesse público, as Muralhas e o Castelo, as Igrejas e Ermidas, os espaços museológicos, o Cante, classificado como património da Humanidade pela UNESCO, os eventos culturais e as artes performativas, o Encontro de Culturas, o Queijo Serpa e a gastronomia, a serra de Ficalho, o Pulo do Lobo e o Guadiana, e ainda as oliveiras milenares que pontuam a paisagem, são alguns dos elementos identitários do concelho de Serpa que convidam a uma visitação tranquila.
Visite Serpa!