Entre 13 e 15 de junho, as Jornadas Europeias de Arqueologia (JEA) 2025 propõem uma viagem ao passado. Em Portugal e noutros 29 países, sítios arqueológicos, laboratórios e bastidores abrem-se ao público para mostrar como se descobre, estuda e preserva o património enterrado no tempo.
Durante esses três dias, Portugal volta a abrir as portas do seu subsolo, e da sua memória, para celebrar as JEA. Em sintonia com mais 29 países, esta iniciativa convida-nos a olhar para o chão que pisamos não como mero suporte, mas como um arquivo vivo de histórias, encontros e reinvenções. Criadas em 2010 pelo Ministério da Cultura de França como Jornadas Nacionais de Arqueologia, as JEA tornaram-se um evento europeu em 2020, sob coordenação do Institut National de Recherches Archéologiques Préventives (INRAP) e com o patrocínio do Conselho da Europa.

O objetivo é aproximar a arqueologia dos cidadãos, tornando visível o trabalho de investigação, os bastidores das escavações e a importância da preservação do património arqueológico. Em 2025, o Património Cultural, I.P. junta-se novamente à iniciativa, propondo o tema “O Mundo inteiro em cada um de nós”. Num momento que descreve como “particularmente difícil à escala mundial”, o Instituto define um propósito claro com este mote: “mostrar a todos que a humanidade – como somos, o que somos e o que fazemos – resulta da troca milenar entre genes, culturas e saberes. Somos fruto da diversidade biológica e cultural.” E conclui: “é nessa diversidade que somos, afinal, todos iguais; porque todos temos o mundo inteiro em cada um de nós!”

As JEA, coordenadas em Portugal pelo Património Cultural, I.P., são o grande palco anual onde arqueólogos, museus, universidades, autarquias e associações se reúnem para partilhar o que de mais fascinante se faz na arqueologia nacional. Durante três dias, o património arqueológico sai das trincheiras e dos laboratórios para se mostrar, sem filtros, ao grande público. O programa é, como sempre, diverso e inclusivo: oficinas de escavação para miúdos e graúdos, visitas guiadas a sítios habitualmente encerrados ao público, recriações históricas, exposições temporárias, conversas com especialistas e atividades pensadas para famílias e escolas. É o momento ideal para conhecer os bastidores de uma ciência que, mais do que datar pedras e ossos, nos ajuda a compreender quem somos.

Participar nas JEA é um exercício de portugalidade em estado puro. Cada fragmento resgatado do solo — seja um pedaço de cerâmica romana, uma ponta de seta neolítica ou uma moeda esquecida de um império antigo — é uma peça do nosso puzzle identitário. A arqueologia mostra-nos que Portugal é feito de encontros: de povos, de técnicas, de sabores e de sonhos. É também um convite à cidadania ativa. Ao abrir as portas dos bastidores, as JEA desafiam-nos a valorizar, proteger e divulgar um património que é de todos.
Como participar?
A programação completa está disponível na plataforma oficial das JEA: www.journees-archeologie.eu. Basta selecionar o país no menu inicial e pesquisar as atividades por região, público ou datas. Muitas são gratuitas, mas algumas requerem inscrição prévia — especialmente oficinas e visitas guiadas a sítios de acesso restrito. O importante é escolher, marcar na agenda e aparecer. Seja em museus municipais, sítios arqueológicos, centros de investigação ou até em praças e jardins, há sempre algo por descobrir.

A idade do bronze
A edição de 2025 destaca especialmente a Idade do Bronze, período de grandes transformações tecnológicas e sociais na Europa. Muitas das atividades exploram temas como a metalurgia, o quotidiano, a alimentação, o comércio e os rituais deste tempo, através de oficinas experimentais e exposições temáticas.
Em suma, as Jornadas Europeias de Arqueologia são uma oportunidade única para todos (sejam estudantes, famílias ou apaixonados pela História) compreenderem melhor o presente e participarem ativamente na preservação da memória coletiva europeia.
*A Portugalidade Magazine agradece ao Institut National de Recherches Archéologiques Préventives (INRAP) a cedência de imagens