NATUREZA E MEMÓRIA NAS “TERRAS DO DEMO”

NATUREZA E MEMÓRIA NAS “TERRAS DO DEMO”

Integrada na região do Alto Paiva e imortalizada por Aquilino Ribeiro na obra “Terras do Demo”, Vila Nova de Paiva é um concelho rico em património natural e edificado e integra zonas privilegiadas para o lazer, com condições naturais, ambientais, paisagísticas e culturais para desenvolver o Turismo de Natureza aliado ao desporto, mas também o Turismo Religioso – Turismo de Memória.

Como importantes instrumentos de transmissão de cultura, o Museu Arqueológico do Alto Paiva, com o seu acervo de artefactos arqueológicos; o Museu Rural de Pendilhe com a missão de valorizar a memória das alfaias agrícolas, das técnicas e das paisagens rurais da sub-região alto paivense; o Centro de Memórias das Migrações, em Queiriga, espaço de valorização das nossas comunidades da diáspora e a Via Crucis, em Fráguas, um circuito da Via Sacra com as 14 estações; são estruturas responsáveis pela preservação do património material e imaterial do concelho.

O Centro de Memória Judaica

Com caraterísticas arquitetónicas únicas, o Centro de Memória Judaica de Vila Cova à Coelheira, pretende demonstrar a presença, em tempos imemoriais, da fé judaica por estas terras, divulgar e preservar o património histórico e cultural e dar a conhecer a história e o território. Perpetuado pelo imaginário popular e pela tradição oral, a memória coletiva refere a existência de uma comunidade organizada com a sua judiaria e sinagoga.

Nesta freguesia desenvolveu-se e progrediu uma grande comunidade judaica que perdurou no tempo. Ainda na década de 30/40 do século passado havia famílias que estavam “proibidas” de pegar nos pálios nas procissões, mas o pároco da época afirmou que, perante a Igreja, todos são iguais. Na procissão seguinte, alguns homens dessas famílias tiveram esse privilégio, no entanto, passados alguns dias, várias mulheres munidas de vidros entraram na Igreja e raparam os paus dos pálios onde as mãos dos cristãos-novos tinham tocado. Não se sabe se é verdade, mas, são histórias de uma tradição oral que associa a presença judaica a Vila Cova da Coelheira.

Recentemente, o Centro de Memória Judaica de Vila Cova à Coelheira ganhou um novo fulgor com as peças gentilmente doadas por Ken e Rachel Carlson e dois familiares e que muito enriquecem o espólio deste espaço museológico. Relacionadas com a prática da religião judaica e testemunhos das memórias e heranças culturais e históricas identitárias deste povo, é agora possível encontrar neste espaço, vários símbolos – Talit, Tfillin, velas de Shabat, Shofar, Torá, Tanakh, Cálice de Kidush, Pratos de Ceia, Ketuba, Mezuzá.

O Município de Vila Nova de Paiva associou-se às comemorações do Dia Europeu da Cultura Judaica, celebrado no passado dia 1 de setembro, organizando a exposição destas peças no Centro de Memória Judaica, espaço que permite a reflexão sobre a fé, a tolerância, o respeito e o diálogo inter-religioso e que merece uma visita.

Onde o Desporto e a Natureza se encontram

Um dos projetos emblemáticos do concelho, e um dos mais importantes e significativos entre os desenvolvidos nas últimas décadas, é o Parque Botânico Arbutus do Demo, onde se encontra reunido mais de um milhar de diferentes espécies botânicas, num cenário de deslumbrantes formas, aromas e cores.

Aliando o desporto à natureza, o Município de Vila Nova de Paiva dispõe do Centro Municipal de Trail Running e de diversos percursos pedestres. Estes estão homologados e devidamente sinalizados, com graus de dificuldade distintos e distâncias que variam entre os quatro e os 47 quilómetros e que passam por belas e singulares paisagens e da sua galeria ripícola, por entre levadas e moinhos, com pontes, plataformas de observação da vida selvagem, pelos matos e floresta até às Cortes (edificações de granito que em tempos idos guardavam o gado) pela eira com os canastros, hortas e lameiros.

Vila Nova de Paiva à Mesa

A gastronomia é uma das áreas que Vila Nova de Paiva tem vindo a promover, valorizando e apostando em certames como a Feira do Fumeiro do Demo, o Festival da Truta, o Festival do Pão e a Feira do Mel, aliados aos vários fins-de-semana gastronómicos que decorrem durante o ano com vista à promoção do que tem definido a sua gastronomia ao longo dos tempos: Trutas de Escabeche, cabrito, borrego, Cozido à Regedora, broa e trigo de ovos cozidos nos fornos comunitários, queijo de cabra e cavacas, são iguarias que têm conseguido gradualmente estimular a economia local e promover o concelho e os seus produtos endógenos.

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