Por: Mário Formiga, Mordomo Festa dos Tabuleiros 2023
NDR*: texto escrito durante a realização da Festa dos Tabuleiros
No momento em que lê este texto, a tarefa que, em 10 de abril de 2022, o Povo incumbiu o Mordomo de concretizar está praticamente concluída.
Quando me apresentei ao Povo, fi-lo na convicção de estar à altura da responsabilidade e na certeza de que não me pouparia a esforços, fossem quais fossem as contingências. O Povo aceitou-me e delegou-me a enorme responsabilidade desta Festa de 2023. É a
mim, portanto, enquanto único recetor desse encargo e responsável pela escolha da equipa, que deverão ser apontadas todas os defeitos e insucessos; as virtudes e os sucessos são de toda a Comissão Central e Comissões Sectoriais.
Em consciência, assumi o cargo de Mordomo “O mais disponível dos servidores da Festa”. E foi, certamente, nesse espírito que o Povo o entendeu.
É, portanto, ao Povo, e apenas ao Povo, que respondo e a quem presto contas.
A Festa está aí, à vista de todos desde o Domingo de Páscoa, e à vista apenas daqueles alguns que somente revelarão as suas Ruas Populares, na altura apropriada.
Cabe-me, pois, nesta altura, uma palavra universal de agradecimento e estímulo a TODOS quantos fazem a Festa, nas comissões, na câmara, nas casas, nas freguesias, nos espaços públicos, nas escolas, nas ruas …
Foi já durante o período das Saídas das Coroas que foi conhecida a decisão do acolhimento da Festa dos Tabuleiros de Tomar no restrito grupo de Património Cultural Nacional Imaterial.
Esta é uma outra realidade: após o reconhecimento em 1981 da Festa como de inegável Valor Turístico, vem agora o Estado Português assumir a Festa como valor cultural do país, o que traz outras responsabilidades, quer à Festa quer a Portugal.
Passa a haver uma interdependência nova com deveres de ambas as partes: à Festa e ao Concelho, o dever de a proteger e concretizar no respeito pela Tradição e pelo Sentir Popular; ao Estado, o mesmo dever de a proteger e ajudar a concretizar no respeito pela Tradição e pelo Sentir Popular.
Conjugando as duas distinções nacionais, a de Mérito Turístico e a de Património Imaterial, é consequentemente forçoso que a Festa, sendo antes de tudo, uma fortíssima manifestação local coletiva de milhares de vontades individuais, se mostre ao País e ao Mundo e os acolha nas nossas ruas sem perda de identidade nem sujeição a quaisquer outros interesses que não os de Tomar e das suas gentes.
Haverá, pois, que saber e conseguir estar à altura do que o Futuro exigir, incluindo o desejado e merecido reconhecimento como Património Mundial, com as necessárias afinações organizacionais que cada nova edição da Festa desde sempre exige.
Para isso, cá estarão os futuros Mordomos e as futuras Comissões.
Honrado pelo alto-cargo que me foi confiado, reafirmo o meu Amor à Festa!