Narges Mohammadi é distinguida com o Prémio Nobel da Paz por toda a sua “luta pelas mulheres do Irão contra a opressão”. A ativista encontra-se presa no Irão, mas não deixa de continuar a lutar pelo que acredita: “o que o Governo pode não compreender é que quanto mais eles nos prendem, mais fortes nos tornamos”.
O Comité Nobel Norueguês atribuiu o Prémio Nobel da Paz a Narges Mohammadi, ativista iraniana e ex-vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, pela sua “luta pelas mulheres do Irão contra a opressão”, afirmou o Comité. Outra razão para esta escolha foi o reconhecimento “das centenas de milhares de pessoas que, no ano passado, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático do Irão contra as mulheres”.
Narges Mohammadi ainda não pôde receber o prémio, e não se sabe se poderá fazê-lo, uma vez que foi condenada a 31 anos de prisão e 154 chicotadas pelo regime do Irão. O Comité apela que as autoridades a libertem “para receber o seu prémio até dezembro”, referiu o presidente do Comité Norueguês, Berit Reiss-Andersen.
“Se as autoridades iranianas tomarem a decisão certa, irão libertá-la para que ela possa estar presente para receber esta honra. É o que esperamos acima de tudo”, acrescentou.
O prémio pretende reconhecer o trabalho desenvolvido por todo um movimento que tem como líder Narges Mohammadi. A engenheira de profissão foi galardoada, em 2018, com o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, pelo Parlamento Europeu. Torna-se também a 19ª mulher e a segunda iraniana a ganhar o Prémio Nobel da Paz.
O ano de 2022 ficou marcado pela grande revolução que se deu no Irão em relação aos direitos das mulheres, como consequência da morte de Masha Amini pelas autoridades da moralidade iraniana. A jovem de 22 anos foi detida por ter usado indevidamente o “hijab” (véu islâmico).
Durante os protestos que decorriam após a morte de Masha Amini, Narges Mohammadi já estava presa, mas isso não a impediu de mostrar que continua a lutar e a apoiar quem o faz livremente. A ativista escreveu um artigo de opinião para o The New York Times, no qual declarou, segundo a agência Lusa, a seguinte frase: “O que o Governo pode não compreender é que quanto mais eles nos prendem, mais fortes nos tornamos”.