Estando a pouco mais de cinco meses de se comemorar os 50 anos do 25 de Abril, o Município de Grândola propôs a classificação de dois registos sonoros originais e determinantes na queda do regime como Património Fonográfico Nacional. São eles a interpretação da canção “Grândola Vila Morena” no primeiro Encontro da Canção Portuguesa e a emissão da mesma canção na Rádio Renascença.
O Município de Grândola, com o apoio da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), apresentou uma proposta de classificação de dois registos sonoros como Património Fonográfico Nacional e será também a “primeira proposta de classificação fonográfica em Portugal”, referiu, à agência Lusa, a diretora da DRCAlen, Ana Paula Amendoeira.
Um registo remete para a interpretação da canção “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, no primeiro Encontro da Canção Portuguesa, “que teve lugar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no dia 29 de março de 1974”. O outro é a gravação original da senha do 25 de abril, com a mesma canção, “emitida no programa ‘Limite’ da Rádio Renascença, que iniciava as movimentações militares na madrugada do 25 de abril”, explicou o presidente da Câmara, António Figueira Mendes, à Renascença.
“O que quer dizer que a música já tinha sido apropriada pelo povo, mesmo antes do 25 de abril”, acrescentou. Foram dois momentos determinantes no derrube do regime ditatorial a 25 de abril de 1974, com uma música emotiva para o povo e surpreendente para o regime, sendo das poucas de Zeca Afonso que escapou à censura. Os registos pertencem à Fundação Mário Soares e Maria Barroso e à RTP que autorizaram e apoiaram esta proposta.
Esta proposta integra as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, juntando-se ao cartaz musical, com a atuação de Paulo de Carvalho da canção “E depois do adeus”, à ilustração de André Carrilho (um grupo de pessoas segurando um enorme microfone do qual sai um cravo), ao monumento a ser criado por Vhils e às obras de arte pública a serem implantadas em cada uma das freguesias de Grândola.
A agência Lusa confirmou que, depois de os registos serem classificados como património nacional, as duas entidades pretendem avançar com uma proposta de reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), na categoria “Memórias do Mundo”.