S. Bento da Porta Aberta 

S. Bento da Porta Aberta 

São Bento nasceu na cidade italiana de Núrsia, no ano 480. Filho de uma família nobre e cristã, é enviado para Roma para completar os estudos. Dececionado com o estilo de vida da cidade, parte para o monte Subiaco, onde, numa gruta, durante três anos, se dedica à reflexão e oração. Seguidamente, funda a Ordem Beneditina, cujo lema reflete-se na célebre regra ”Ora et Labora”  – Reza e Trabalha. Após uma vida consagrada a Deus e aos outros, realizando prodígios e milagres, morre no ano 547. 

Proclamado pelo Papa Pio XII como Pai da Europa e pelo Papa Paulo VI como “Principal Padroeiro da Europa”, atrai milhares de peregrinos ao santuário de S. Bento da Porta Aberta. Aqui, a sua imagem diferencia-se de todas as outras. A mitra de Abade está colocada na cabeça. Com a figura do corvo aos pés, remete-nos para um dos episódios da sua vida, o pão envenenado, que lhe foi oferecido como presente por Florêncio, seu discípulo, e que o Santo sabia estar envenenado. Por isso, manda que o corvo, que habitualmente aparecia por ali, o leve para longe, para que ninguém o possa encontrar. 

O culto a S. Bento, em Rio Caldo, Terras de Bouro, deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro. Em 1614, é construída a primitiva ermida, num pequeno monte. Segundo a tradição, a capela possuía um alpendre, como a maioria das capelas do alto dos montes, e tinha sempre as portas abertas, servindo de abrigo a quem passava. Assim, terá surgido a designação de S. Bento da Porta Aberta

A atual Basílica de S. Bento da Porta Aberta é recente. A sua construção iniciou-se em 1880 e concluiu-se em 1895. Sofreu obras maiores em 1977 e as últimas aconteceram em 2014, antes da elevação a Basílica Menor. São dignos de realce os painéis de azulejos da capela-mor, que retratam a vida de S. Bento, assim como as pinturas no teto e o retábulo de talha coberto a ouro. Devido ao aumento do número de peregrinos, em 1998, foi inaugurada a atual Cripta com linhas modernas, realçando-se a madeira, o betão e o ferro. Os painéis de azulejo são uma exposição permanente que falam da Sagrada Escritura, da vida de S. Bento e dos vários mosteiros beneditinos pelo mundo fora. Celebra 25 anos no próximo dia 11 de outubro. 

Ao longo dos tempos, muitos milhares de peregrinos têm percorrido, a pé, dezenas de quilómetros em direção ao santuário de S. Bento da Porta Aberta, situado às portas do Parque Nacional Peneda-Gerês. Vários caminhos da Fé foram sendo traçados, e assinalados em conformidade com a região de onde provinham os romeiros. Durante o verão e em momentos de maior afluência de peregrinos/romeiros, a Irmandade com a colaboração das Câmaras Municipais, GNR, Cruz Vermelha e Agrupamentos de Escuteiros provê vários postos de atendimento ao peregrino para curar as feridas e alimentar a Alma. 

As principais peregrinações e romarias realizam-se no dia 21 de marçoTrânsito (Morte) do Patriarca S. Bento e Solenidade do Aniversário da Basílica de S. Bento da Porta Aberta; 11 de julhoFesta de S. Bento, Padroeiro da Europa.  Por tradição, pela presença de tantos emigrantes e veraneantes a grande romaria de S. Bento da Porta aberta acontece de 10 a 15 de agosto. Nestes dias, milhares de peregrinos acorrem ao Santuário para cumprirem as suas promessas, para celebrarem com súplicas e louvores o senhor S. Bentinho. Em agosto o povo está presente. São milhares de peregrinos que rezam e cantam, curam e curam-se das feridas e das dores do caminho trilhado. Há tempo para rezar, participando nas várias celebrações do Santuário. Há tempo para descansar do cansaço, abraçar, chorar, cantar e dançar ao som das concertinas: 

Oh S. Bentinho, quero ir, quero ir, 

Oh S. Bentinho, quero ir e vir; 

Oh S. Bentinho, agora, agora, 

Oh S. Bentinho, quero ir embora. 

Pe. António Loureiro Lopes | Reitor da Basílica de São Bento da Porta Aberta 

Opinião