É em Trancoso que se cruzam dois percursos de peregrinação a Santiago de Compostela – o Via Portugal Nascente e o Caminho de Torres. Pretexto ideal para visitar esta cidade beirã rodeada por muralhas, carregada de história e cultura.
Para quem chega a pé, a caminho de Santiago, as muralhas de Trancoso são avistadas com a expectativa do descanso merecido. Por este município atravessam dois importantes Caminhos de Santiago de Compostela. O Via Portugal Nascente é um trilho que reconstrói o Caminho de Santiago de Compostela pelo Interior de Portugal, iniciando em São Miguel de Machede, em Évora e terminando precisamente aqui, em Trancoso. Após efetuar os 390 quilómetros, atravessando as 19 etapas, poderá iniciar o Caminho de Torres também em Trancoso, nona etapa deste caminho. Este inicia em Salamanca e termina em Santiago de Compostela após percorrer 25 etapas e 579 quilómetros.
Mas Trancoso merece uma visita que não seja apenas “de passagem”. Entre a Serra da Estrela e o Vale do Douro avista-se, no topo de um planalto, esta histórica cidade que cresceu em torno do seu castelo medieval, fundado na Idade Média, e está rodeada pelas icónicas muralhas construídas na época dinisiana.
Trancoso é uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal, antiga vila medieval, por estar instalada num local estratégico, acabou por se tornar num local extremamente importante para a estratégia militar entre os séculos VIII e IX. Nela está exposta um vasto património civil e religioso devido à convivência de cristãos e judeus durante esse mesmo período.
A Comunidade Judaico Trancosana, muito presente na Beira Interior, deixou a sua marca cultural na cidade, podendo ser vista no Centro Interpretativo Isaac Cardoso, e um pouco por todo o centro histórico, onde abundam elementos arquitetónicos judaicos. Destaca-se aqui a Casa do Gato Preto, também conhecida por casa do Leão de Judá, mas também uma sinagoga e um memorial com mais de 500 nomes de cidadãos e residentes perseguidos pela inquisição.
Dentro da cidade podem ainda ser visitadas as Igrejas paroquiais de Santa Maria e de São Pedro, a Casa dos Arcos, do século XVI, a Igreja da Misericórdia e o Pelourinho, uma peça do puro estilo manuelino. Já no seu exterior, a Capela de São Bartolomeu, a Igreja da Senhora da Fresta e Capela de Santa Luzia, as capelas do Senhor da Calçada e de Santa Eufémia, são locais que contam diferentes épocas da história e que podem (e devem) ser explorados.