Falar do Turismo Religioso no Concelho de Penela é abarcar um conjunto patrimonial que vai desde a história à gastronomia, passando pelo património imaterial, natural e paisagístico da região. Entre Condeixa e Ansião, Penela abre caminhos de fé, de introspeção, de tomada de consciência de si e do outro, enquanto personagens de uma história com milhões de anos.
“Desde os primeiros passos, o peregrino vê surgir a seus pés elementos naturais de surpreendente beleza, evidências da permanência do mar neste local há cerca de 182 milhões de anos. Falamos, naturalmente, de fósseis. Amonites, bivalves e várias espécies vegetais marinhas são facilmente encontradas em determinados estratos geológicos que afloram aqui e ali na paisagem, repleta de orquídeas selvagens e de ervas aromáticas, tais como a Erva de Santa Maria, tomilho selvagem que, no pasto do gado miúdo, confere ao famoso Queijo do Rabaçal, o seu aroma e paladar singulares.
Continuando a viagem no tempo, vamos descortinando um rendilhado de muros de pedra calcária que enfeita a paisagem marcadamente mediterrânica, contrastando com o verde profundo dos cedros que, aqui e ali, dispararam rumo ao firmamento. Distando meros doze quilómetros de Conímbriga, esta foi outrora a mais importante via romana do território, vendo chegar e partir pessoas e mercadorias, no trajeto entre Bracara Augusta (Braga) e Olissipo (Lisboa).

Desse tempo, ficou a Villa Romana do Rabaçal, com uma invejável coleção de mosaicos romanos e de painéis em mármore esculpido, bem como um vasto número de achados arqueológicos que, expostos no Museu desta Villa Romana, nos permitem conhecer mais profundamente a vida nos primórdios da era Cristã. A lenda dos Gigantes do Rabaçal, gémeos ferreiros de personalidade vincada, toma então forma diante de nós, com os dois montes, os Germanelos, a soerguerem-se a par.
Ouviremos ainda o som da sua bigorna desde as muralhas do Castelo do Germanelo? Ou será o exército de D. Afonso Henriques a assegurar a integridade da linha defensiva do Mondego? Talvez apenas os bravos cavaleiros templários, vindos de Tomar, rumo a Coimbra pela Estrada Real. Tempo agora para uma pausa, pois o corpo tem dificuldade em acompanhar o ritmo das eras. Uma esplanada, um Queijo do Rabaçal, um vinho Terras de Sicó e a brisa que percorre a paisagem e nos acalenta os sentidos. Tudo está no seu devido lugar.
Escondidas entre as colinas, Tamasinhos, Fartosa e outras aldeias de calcário, desertas ou a renascer, espreitam quem passa, ecos distantes de vidas buliçosas, hoje lembranças efémeras que alguns teimam em redescobrir. É neste vai e vem de caminhos, de rotas e de gentes que vive Penela, ponto de convergência dos Caminhos de Fátima, da Rota Carmelita e dos Caminhos de Santiago, elos de uma ponte entre nacionalidades, dialetos e diferentes realidades humanas, culturais e sociais. Aqui todos são peregrinos, com pressa de chegar ou sem relógio sequer, vivenciando a caminhada, por si só, porque não importa chegar, apenas importa ir.
Venha, então. Esperamos por si em Penela.