EDITORIAL – EDIÇÃO 3 | MAIO 2023

EDITORIAL – EDIÇÃO 3 | MAIO 2023

É com os pés em Barcelos, acabados de atravessar o rio Cávado, que abrimos esta edição. O novo traçado da Estrada Nacional 103 retira o trânsito mais intenso do centro histórico da cidade, o que permite que a travessia da ponte medieval se possa fazer com mais tranquilidade. E não há melhor forma de atravessar estes arcos góticos com quase 700 anos do que a pé, com a Capela de Nossa Senhora da Ponte, do lado de Barcelinhos, a guardar-nos as costas. Já no centro histórico, uma curta subida leva-nos ao Cruzeiro do Galo, e é como se tudo se concentrasse naquele pequeno espaço. Lenda, História, Fé, memória, vontade e vida.

O “Caminho” faz mesmo parte da identidade de Barcelos, não há sítio mais épico para perceber isso. E se nasceu aqui a Lenda do Galo, tão intimamente ligada a esta peregrinação que, através do figurado, se tornou num dos símbolos de Portugal, é justo afirmar-se que esta pequena cidade minhota contribui muitíssimo para que o Caminho de Santiago faça parte também da identidade do país.

O ano passado, mais de 123 mil pessoas chegaram a Santiago de Compostela através dos Caminhos Portugueses. Cerca de 20 mil eram peregrinos nacionais, o que significa que mais de 100 mil pessoas vieram de fora do país, com grande parte delas a aterrarem no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

São números que impressionam sempre e que mostram bem a importância que o Turismo tem para a Economia do país. Por mais que haja pessoas que acham que há turistas a mais “na sua rua”, Portugal não se pode dar ao luxo de desperdiçar este setor. Basta olhar para os números do primeiro trimestre deste ano, com revisões em alta do crescimento, fortemente alavancadas precisamente no turismo e nas exportações.

As principais cidades de países bem mais ricos que o nosso também estão “cheias” de turistas, e quem se recorda dos centros de Lisboa e Porto antes do boom turístico sabe bem, com a honestidade intelectual que se impõe, o triste estado em que se encontravam. Hoje, graças à reabilitação urbana privada, são zonas desejadas por todos.

Do que precisamos é de mais turistas também noutras zonas do país, nos chamados territórios de baixa densidade, que têm sempre destaque na nossa revista.

Já o disse, num outro espaço mas contexto idêntico, a “nossa praia” é mesmo mostrar o que de melhor o país tem.

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