As longas praias de Almada, com a sua areia fina e branca, dispensam apresentações, já que são uma das zona mais procuradas do país no verão. Porém, desengane-se quem pensa que não há mais para descobrir aqui, além das emblemáticas praias e da melhor vista para Lisboa, do outro lado do Tejo.
Considerada um destino natural entre o rio e o oceano, Almada é, através da Ponte 25 de Abril, uma porta aberta para o sul de Portugal, com a emblemática estátua do Cristo Rei a dar-nos as boas-vindas. Daqui já é percetível que as vistas da cidade são arrebatadoras e que possibilitam panorâmicas deslumbrantes. Os vários miradouros, aliados a um vasto património histórico, cultural e religioso, tornam-na num destino a acrescentar ao roteiro, caso ainda não tenha vindo até cá ou, então, para regressar, uma vez que há sempre qualquer coisa que escapa em visitas anteriores. A título de exemplo, para além do coração da cidade, Almada dispõe de algumas localidades únicas, onde a autenticidade dos que lá habitam se une a uma história de atividades ribeirinhas e a um ilustre património militar.
O ADN das praias
Os 13 quilómetros de praias contínuas, boa parte delas localizadas em áreas naturais, proporcionam condições ideais para a prática de desportos marítimos, como é o caso do surf, do bodyboard ou do Kitesurf.
A excelência destas praias concede-lhes a Distinção de Praia Qualidade Ouro, pela Quercus e, este ano, dez receberam a Bandeira Azul, pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). São estas as distinções que, ano após ano, garantem a qualidade das praias de Almada, a maior zona balnear da Área Metropolitana de Lisboa, reconhecendo-a como um símbolo da qualidade ambiental para todos os que vivem ou visitam o concelho.
As paisagens e os diferentes ambientes fazem desta região um local inconfundível. Num simples abrir de apetite, seguindo a lógica norte-sul, sugerimos-lhe que, logo após a junção do Tejo e do Atlântico, visite a Frente Urbana da Costa da Caparica, caso prefira praias dunares. Neste extenso leque de opções constam, também, as praias acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida, como é o caso das praias do Paraíso e da Rainha. Já as praias da Bela Vista e da Adiça são as ideias para os naturistas. Se é daquelas pessoas que não dispensa uma deslumbrante “golden hour“, os fins de tarde em Almada não desiludem. É que, para além de ser possível ver o pôr do sol, consegue assistir à chegada dos barcos de pesca tradicionais, ligados à prática da Arte Xávega, património identitário da Costa da Caparica.
A gastronomia almadense
Em terra de rio e mar, o peixe é rei à mesa. O ex-líbris da gastronomia de Almada combina vários pratos de peixe fresco, marisco, caldeiradas, cataplanas, carvoadas e Amêijoas à Bulhão Pato, cujos sabores e aromas ficam no paladar e jamais são esquecidos. A oferta gastronómica do concelho é abrangente e vai da cozinha tradicional à cozinha de autor. Como é óbvio, em jeito de sobremesa ou lanche, a doçaria típica do concelho convida-o a degustar os emblemáticos Pastéis Al-Madan, os Claudinos e os Pastéis de Santo António. A gastronomia e a doçaria caraterísticas ganham ainda mais destaque através dos vários eventos, levados a cabo ao longo de todo o ano.
O contraste do ´azul das águas com o verde dos espaços
Se este concelho é rico em mar, em termos de espaços verdes também não fica nada atrás. O roteiro pode iniciar-se logo pelo maior espaço natural de Almada, a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, uma área protegida com grande relevância geológica e geomorfológica, vegetação autóctone e espécies de fauna e flora raras. A segunda paragem deste roteiro é na Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos, onde o pinhal manso, mandado plantar por D. Dinis, oferece vários percursos pedestres que alcançam os altos miradouros com vistas para as praias. A contribuir para a conservação e sustentabilidade deste espaço, os novos passadiços são de visita obrigatória. Para além de proporcionar passeios únicos, a zona é também ponto de referência para os que gostam de
desportos radicais e de atividades ligadas à saúde e bem-estar.
O concelho dispõe de muitos outros espaços verdes, parques urbanos e jardins, os quais, para além de terem condições fundamentais para a prática de golfe, fazem de Almada uma das dez cidades mais verdes de Portugal. Neste envolvente meio, é de destacar o Parque da Paz, conhecido como o “pulmão da cidade”. Para além de um lago, os seus 50 hectares de prados, compostos por vastas áreas arborizadas, são ricos em fauna e flora que pode ser contemplada através dos caminhos pedonais e cicláveis, ou a partir dos extensos relvados, num momento de comunhão com a biodiversidade.
Outras opções, para que a experiência de usufruir por inteiro do contacto com a natureza fique completa, incluem uma visita ao Jardim do Rio, onde o Elevador Panorâmico nos dá boleia até ao centro histórico de Almada. No Parque Aventura da Charneca de Caparica, composto por 23 mil metros de espaços verdes, é possível encontrar área relvada de recreio informal, áreas de estadia, pista ciclável, parques infantis, juvenis e de merendas. Já no Parque Urbano da Costa da Caparica, que fica encostado à linha da praia, pode usufruir de 14 hectares de área, apetrechados com espaços de diversão, recintos desportivos, área de merenda e zona de restauração.
O Convento dos Capuchos, edificado no século XVI, também merece ser visitado, dado que constitui, em conjunto com os seus surpreendentes jardins românticos e miradouros, um testemunho singular dos princípios de contemplação, paz e isolamento dos frades franciscanos. Neste roteiro, não podem ficar de fora o Jardim Botânico “Chão das Artes”, que explora a ligação entre a natureza e as artes plásticas, bem como o Jardim do Solar dos Zagallos, um espaço onde reina o romantismo, graças à existência de duas capelas e de um prestigiado espólio de azulejos.
Os três campos de golfe, que se destacam pela versatilidade dos seus greens, localizados na zona dos Capuchos e da Aroeira, atestam as excelentes condições da zona para a prática.
Neste sem fim de sugestões para aproveitar Almada da melhor forma, percorrer as terras da Costa e a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil, até chegar à aldeia piscatória da Fonte da Telha, é outra das possibilidades a ter em conta.
A riqueza de um património histórico
Como já havíamos referido, o Santuário Nacional do Cristo Rei oferece uma deslumbrante vista panorâmica sobre a região, ao passo que atrai milhares de visitantes e peregrinos, e pode ser o ponto de partida ideal para uma visita ao restante concelho. Entre monumentos, museus, igrejas e locais que testemunham um passado industrial, militar e rural de grande notoriedade, em Almada são pontos de visita obrigatória, entre outros, a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, miradouros como o do jardim do castelo, e vestígios arqueológicos como os do Sítio Arqueológico da Quinta do Almaraz, do Museu Almada – Covas de Pão ou do Largo de Cacilhas. O Museu Almada – Casa da Cidade, o Museu Naval ou a Fragata D. Fernando II e Glória corroboram veementemente a ligação secular de Almada ao rio e ao mar.
Como vê, são vários os pontos de interesse espalhados por Almada que convidam a uma visita seja em que altura do ano for. A tudo isto associa-se sempre uma ótica sustentável, com o intuito de preservar os recursos ambientais e a genuinidade sociocultural, em consonância com o desenvolvimento das atividades económicas.