O município de Carregal do Sal inaugurou, este ano, o Museu Aristides de Sousa Mendes, na casa que o viu nascer, em Cabanas de Viriato. Este momento aconteceu, precisamente, no dia em que se assinalaram os 139 anos da data de nascimento do Cônsul-Geral de Portugal em Bordéus, que libertou milhares de judeus da perseguição nazi.
O Museu Aristides de Sousa Mendes é o reflexo dos valores da tolerância e da paz, pois perpetua o legado e a memória de um aclamado diplomata. O espaço torna acessível o extenso acervo da família Sousa Mendes e inspira os visitantes para a mudança, uma vez que surge como um símbolo de Direitos Humanos e consciência moral.
A exposição permanente foca-se nas ações humanitárias do Cônsul durante a Segunda Guerra Mundial, destacando a Casa do Passal, “carinhosamente chamada pela população a Casa do Doutor Aristides”, como “local de memória” e símbolo do seu legado social e político. A mostra inclui a história da habitação e da família, a carreira de Aristides, o contexto histórico e político até ao êxodo de 1940, o seu julgamento e reabilitação, bem como homenageia outros portugueses que também salvaram judeus durante aquele período.
Segundo a Câmara Municipal de Carregal do Sal, são “memórias perpetuadas agora num local emblemático” que “retrata a vida, o Homem e, em particular, o ato de heroísmo e o impacto do mesmo na história nacional e internacional”.
O imóvel, construído no século XIX e ampliado nas primeiras décadas do século XX, pauta-se pela imponência e pelos traços marcadamente franceses. Com três pisos retangulares, uma varanda no andar nobre e brasão de família, o edifício foi classificado, em 2011, como Monumento Nacional, e “foi sendo alvo de pequenas e grandes intervenções”, ao longo do tempo.
Aristides de Sousa Mendes nasceu, a 19 de julho de 1885, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Coimbra, e seguiu a carreira diplomática desempenhando funções em vários países. No início da Segunda Guerra Mundial, ocupava o cargo de Cônsul-Geral de Portugal em Bordéus e, em junho de 1940, devido ao avanço das tropas alemãs em território francês, salvou milhares de judeus e de outros refugiados do regime nazi que para ali se deslocaram, emitindo vistos à revelia das ordens do Governo do ditador António de Oliveira Salazar, para que pudessem atravessar Espanha e entrar em Portugal, salvando-os da perseguição. Este nobre ato fez com que perdesse a carreira profissional que estava a construir.
Posteriormente à sua morte, a 3 de abril de 1954, em Lisboa, recebeu várias distinções, das quais se destacam o título de Justo entre as Nações e as honras de Panteão Nacional.