A LINHA DE ASFALTO QUE DESENHA O DOURO

A LINHA DE ASFALTO QUE DESENHA O DOURO

Entre curvas, socalcos e miradouros, a Estrada Nacional 222 liga Vila Nova de Gaia a Vila Nova de Foz Côa, desenhando um dos percursos mais emblemáticos e panorâmicos do Douro.

A linha de asfalto que desenha o Douro

Inaugurada oficialmente nos anos 40 do século XX, a EN222 foi, desde cedo, um eixo fundamental de ligação entre o interior duriense e o litoral nortenho. Muito antes das autoestradas, era por aqui que se escoava o vinho, as pessoas e os produtos agrícolas.
A estrada acompanha o curso do Douro, ora subindo às aldeias empoleiradas nas encostas, ora descendo até aos cais fluviais.

Muitos dos seus troços recuperam caminhos ancestrais, usados por almocreves e barqueiros, testemunhos vivos de uma mobilidade que acompanhou o crescimento da Região Demarcada do Douro, criada em 1756.

Em 2015, um estudo da Aston Martin, em parceria com a Avis, catapultou a EN222 para o estrelato internacional. Segundo esse ranking, o troço entre o Peso da Régua e o Pinhão proporcionava “a melhor experiência de condução do mundo”, com base numa fórmula que equilibrava número de curvas, distância e fluidez do percurso.

Independentemente da ciência por trás da equação, esse segmento (com vinhedos em socalcos a perder de vista), o rio a espelhar a luz dourada das encostas e uma sucessão de miradouros naturais, é uma imersão no património paisagístico, cultural e humano do Douro Vinhateiro, classificado como Património Mundial da UNESCO.

Hoje, a EN222 é muito mais do que uma via de trânsito. É uma rota turística, cruzando quintas de vinho do Porto, aldeias vinhateiras, estações ferroviárias históricas (como a do Pinhão), museus e pontos de interesse natural. A estrada passa por locais como Castelo de Paiva, Cinfães, Resende, Lamego ou São João da Pesqueira, sempre com o Douro como presença constante — ora visível, ora apenas pressentido entre serras.

Ao longo do caminho, há inúmeras sugestões para parar: degustar um vinho numa quinta familiar, almoçar num restaurante tradicional, visitar uma capela barroca ou simplesmente contemplar a paisagem num dos muitos miradouros, como o de São Leonardo de Galafura.

A EN222 não precisa de ser promovida a ícone, basta-lhe ser a estrada que é. Cumpre o seu papel com curvas, socalcos e silêncios, ligando margens e vontades, entre a rotina de quem lá vive e a curiosidade de quem passa. O Douro, esse, continua indiferente ao ranking das melhores estradas do mundo, às modas turísticas ou ao GPS. Quem quiser entender o que é o Douro, que faça a viagem.

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