Os célebres Caminhos de Santiago são percorridos, desde o século IX, por milhares de peregrinos, sendo o objetivo de quem os faz, chegar à Catedral de Santiago de Compostela, na Galiza, para visitarem o túmulo do Apóstolo Santiago Maior. Um desses caminhos começa em Salamanca e entra em Portugal pelo Concelho de Almeida.
Conhecido por Caminho de Torres, inicia-se em Salamanca e foi batizado com este nome graças ao relato da dureza do trajeto feito pelo poeta Diego de Torres Villarroel, que esteve exilado em Portugal, entre 1732 e 1734, e que, três anos após ter deixado o exílio, foi em peregrinação a Santiago de Compostela cumprir uma promessa feita durante aquele período.
Atualmente, ao longo do itinerário de mais de 570 quilómetros, que demora a ser feito em, aproximadamente, 15 dias, são vários os municípios portugueses que temos a oportunidade de nos cruzar. É o caso de Almeida, um município raiano do distrito da Guarda, que assinala a entrada do Caminho de Torres em Portugal, ao fim da sexta etapa, de 26 quilómetros, com origem em Gallegos de Argañan.
Nesta fronteira (in)visível consegue-se perceber a entrada em território português pela diferença de alcatrão na estrada, após a ponte que atravessa o rio Tourões. Os vestígios não deixam enganar que esta foi uma fronteira duramente disputada pelos dois países. De um lado estava o Castelo de Gardón, a fortaleza que “guardava” a fronteira espanhola. Em Portugal foi construído um reduto em Vale da Mula, mas o alicerce para a restauração da independência portuguesa, conseguida em 1640, estava a sete quilómetros, na Aldeia Histórica de Almeida, situada em pleno Vale do Côa. As poderosas muralhas, que dão o formato de estrela de 12 pontas à fortaleza, foram imprescindíveis na estratégia militar da defesa do país, representando, assim, um momento ímpar da luta pela fronteira.
O Pólo Museológico “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, inaugurado em 2017, situado lado a lado à estação ferroviária de Vilar Formoso, foi criado com o intuito de evocar a importância dos portugueses no acolhimento de refugiados, aquando da Segunda Guerra Mundial. Pretende ser, simultaneamente, um memorial aos refugiados, mas também, ao Cônsul português Aristides de Sousa Mendes, que em 1940, em Bordéus, contrariando ordens superiores, permitiu a passagem na fronteira de Vilar Formoso a muitos fugitivos do nazismo, através da emissão de vistos. O polo museológico, que nasceu de dois antigos armazéns, apresenta seis núcleos expositivos distintos: “A partida”, “A viagem”, “Gente como nós”, “Início do pesadelo”, “Por terras de Portugal” e “Vilar Formoso – Fronteira da Paz”.
Ao passar no Concelho de Almeida, o caminhante tem ao seu dispor várias unidades de alojamento distribuídas por todo o concelho, a oportunidade de usufruir um merecido descanso e relaxe nas Termas de Almeida-Fonte Santa e degustar a saborosa gastronomia regional!
Bom Caminho e Alma até Almeida!