O Legado da Herança Judaica em Belmonte

O Legado da Herança Judaica em Belmonte

Em data, que ainda permanece obscura, mas que se situa na Idade Média, terão chegado a Belmonte os primeiros judeus.

Este momento não está documentado, mas a existência de uma pedra epigráfica, que hoje se pode ver no Museu Judaico de Belmonte, atesta que em finais do século XIII, existia uma sinagoga.

A pedra a que nos referimos foi encontrada numa casa em Belmonte, pelo investigador Francisco Tavares Proença Júnior decorria o ano de 1910. De acordo com os proprietários da mencionada casa, a dita pedra teria sido recolhida numa antiga ermida dedicada a São Sebastião numa Praça, com o mesmo nome, onde hoje se situa o edifício do Julgado de Paz de Belmonte.

Após a conversão forçada dos judeus, a seguir ao édito de expulsão de 1496, proclamado pelo Rei D. Manuel I, o culto judaico foi proibido e as sinagogas foram fechadas e a maior parte delas convertidas em templos católicos, tal como já o haviam sido os templos islâmicos após a Reconquista Cristã.

Atribui-se a Samuel Schwarz, engenheiro de minas que veio dirigir as Minas da Gaia, a descoberta da comunidade judaica de Belmonte para o Mundo, nos primeiros anos do século XX.

Quando Samuel Schawrz chega a Belmonte e visita o Museu Tavares Proença Júnior em Castelo Branco, deparase acidentalmente com aquela pedra epigráfica que traduz e data de 1297. A inscrição hebraica da magnifica pedra é um versículo da Bíblia (Liber Habakuk: 2,20), que quer dizer: “E Adonai no seu templo sagrado, emudece perante Ele toda a sua terra”.

Após a instauração do Santo Ofício, em Belmonte, os cristãos-novos viviam e conviviam com a restante população, Este clima de tolerância pode observar-se nas palavras de Isabel Rodrigues, moradora em Belmonte, acusada de ser cristã-nova, que declarou, ao ser ouvida, em 1604, pelos inquisidores do Santo Ofício: “Por isso me prendem? Pois em Belmonte todos nós lá dizemos isso diante de clérigos e juízes e mais não nos vão à mão nem o estranham”.

Durante o Estado Novo, o movimento de resgate para o judaísmo oficial, iniciado na I República, perdeu força. Só após a Revolução do 25 de Abril, os judeus puderam regressar ao culto do judaísmo oficial. Nos 80 do século XX, fundaram uma comunidade e posteriormente edificaram uma sinagoga e um cemitério.

Belmonte é hoje um destino de eleição do turismo judaico em Portugal e motivo de investigação e estudo acerca do modo de vida e crenças do cristãos-novos, nomeadamente sobre o motivo pelo qual uma comunidade de judeus conseguiu sobreviver às diversas vicissitudes históricas.

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