O mesmo copo de água a preços diferentes

O mesmo copo de água a preços diferentes

As famílias continuam a ser descriminadas no acesso à água, em função do município onde vivem. O “Ranking da Água” mostra também que as famílias numerosas acabam penalizadas.

O mesmo copo de água tem um valor muito diferente consoante o município e o número de pessoas que vivem na casa onde ele é consumido. A conclusão é dada pelo último estudo da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), o “Ranking da Água”.

Gondomar é o concelho onde o preço da água é considerado mais desigual. Neste município, todas as famílias pagam 6,17 euros para aceder à rede. Mas posteriormente, com a componente variável das tarifas, o valor por cabeça acaba por ser diferente.

Quem vive neste concelho, tendo em conta um consumo médio, paga 8,74 euros de água se viver sozinha. Se o agregado for constituído por cinco elementos, o valor por cabeça fica mais económico: 7,03 euros. Mas, numa família de dez, cada um paga 10,38 euros.

Para encontrar o município que o estudo considera ser o mais justo no acesso à água, é preciso ir até São Vicente na Madeira, onde todas as famílias pagam um euro para aceder à rede. Considerando um consumo médio, uma pessoa que viva sozinha paga 1,72 euros, mas se na mesma casa, morarem cinco pessoas, o preço por cabeça reduz para os 1,16 euros.

O estudo revela que nenhum concelho tem igualdade plena no acesso à água. Se uma família de cinco pessoas mudasse de São Vicente para Gondomar, teria de pagar mais 350 euros por ano para a conta da água – a fatura mensal passaria dos 5,8 para os 35,14 euros.

Os distritos do Porto e de Bragança são os considerados mais injustos e onde há mais disparidades. Tendo em conta um consumo médio: uma família de cinco pessoas que viva na Póvoa do Varzim paga 14,34 euros. A mesma família, se vivesse em Valongo pagaria o dobro. Ao fim de um ano, são mais de 180 euros de diferença.

Famílias numerosas pagam o dobro

Segundo o estudo apresentando pela APFN, o nível de discriminação, consoante a dimensão familiar, aumentou. São 90 os concelhos, onde não há qualquer tarifário específico para estas famílias. Em média, quem vive sozinho paga 51 cêntimos por metro cúbico de água. Mas, uma família de dez, que tenha o mesmo consumo, paga, em média, 1,07 euros, mais do dobro.

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