O turismo é um dos motores da economia a nível global e em Portugal é, sem dúvida, o setor que mais tem contribuído para um desenvolvimento sustentável do nosso país, levando prosperidade e bem-estar a territórios onde não abundam outras atividades económicas em que Portugal seja internacionalmente competitivo.
Depois de um período pandémico de retração da atividade turística, é com satisfação que vemos a luz ao fundo do túnel. O último boletim do BdP indica que as receitas do turismo em agosto de 2022 são já 19% superiores a agosto de 2019, mês record do turismo, fazendo acreditar cada vez mais de que já em 2022 ultrapassaremos a taxa de crescimento de cerca de 6% que se previa apenas para 2024. Por outro lado, os indicadores de hóspedes e dormidas do INE em agosto indiciam que terminaremos 2022 com valores muito próximos de 2019, com algumas regiões do país a bater esse record.
Muitos perguntam o porquê destes números. Ora, o sucesso do turismo em Portugal depende de muitos fatores.
Por um lado, temos um modelo de governança descentralizado desde há uns anos, tendo-se entregado às Regiões a responsabilidade pelo desenvolvimento turístico regional, alinhado com as diretrizes nacionais para a área do turismo. Cabe a estas entidades colaborar com o Turismo de Portugal, com vista à prossecução dos objetivos da política nacional que foi definida para o turismo, designadamente no contexto do desenvolvimento de produtos turísticos de âmbito regional e sub-regional e da sua promoção no mercado interno alargado, compreendido pelo território nacional e transfronteiriço com Espanha. Por outro lado, o setor adotou uma Estratégia para o Turismo – a ET2027, reconhecida e abraçada por todos os stakeholders, a qual permite de forma consistente e sustentada, tirar partido dos ativos que temos em Portugal, entre eles, o nosso Património Natural e Cultural.
Espalhado por todo o território e disponível ao longo de todo o ano, é este património que nos permite ambicionar um turismo ao serviço do desenvolvimento dos territórios e das suas comunidades, da prosperidade dos trabalhadores do setor, da satisfação dos turistas e de uma saudável concorrência, frente a frente, com os maiores destinos turísticos do mundo.
A nossa riqueza patrimonial manifesta-se das mais variadas formas, quer na vertente natural, quer na vertente cultural. Desde as paisagens de planície e de montanha do nosso interior até às mais bonitas praias fluviais e do litoral, todo este património natural permite-nos estruturar produtos turísticos com enorme potencial no mercado internacional, como por exemplo a observação de aves, a práticas de desportos aquáticos, as caminhadas, o cicloturismo, o surf e muito mais.
Por outro lado, desde as festas, tradições, lendas, artes e ofícios, até aos monumentos, museus, palácios, castelos, igrejas, e passando pela literatura, música, arte e gastronomia, temos uma riqueza cultural que nos valoriza de sobremaneira e nos diferencia de outros destinos, tornando-nos únicos e capazes de atrair os turistas internacionais mais exigentes.
Todo este património riquíssimo, seja natural seja cultural, só tem interesse se atrair procura e reverter economicamente a favor das comunidades, objetivo que temos de atingir, mas não a qualquer preço. Temos de respeitar o legado recebido e preservá-lo para as gerações futuras. E o turismo é a atividade económica que melhor pode desempenhar essa tarefa.
É por isso que na ET 2027, as questões da sustentabilidade são tão relevantes. E é também por isso que, em 2020, lançamos o programa Turismo + Sustentável, reforçado em 2021 com o plano Reativar o Turismo| Construir o Futuro, onde as questões da sustentabilidade económica, social e ambiental são absolutamente centrais.
Temos no setor referenciais de excelência, com recursos e calendários de execução bem definidos. São planos que não ficaram, nem ficarão, na gaveta, contribuindo de forma bem visível para a preservação do nosso património natural e cultural, e para a sustentabilidade do nosso turismo.
Turismo, Natureza e Cultura caminham de mãos dadas no desenvolvimento do nosso país. Porque o turismo só faz sentido se for uma força do e para o bem.
Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços