TURISMO: O ANO DO “NÃO NORMAL”

TURISMO: O ANO DO “NÃO NORMAL”

O número de viagens continua a crescer, apesar da conjuntura desfavorável. A procura por “experiências significativas”, destinos culturais urbanos e pelo “slow tourism” desenham-se como tendências para este ano.

O turismo está uma vez mais a dar provas da sua resiliência. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o número de viagens internacionais nos quatro primeiros meses deste ano ficou próximo ou mesmo acima dos níveis pré-pandemia no período homólogo. Isto apesar da instabilidade geopolítica e da diminuição generalizada do poder de compra.

O que motiva as pessoas a viajar e quais são as tendências para 2023? Para o grupo de viagens americano Expedia, este é o ano do “Não Normal”, em que os viajantes estão a abandonar o convencional e as “soluções à medida” para reservar onde e como querem, permeáveis a novas influências. Baseada nos dados das suas plataformas de reserva online e em inquéritos a consumidores, a Expedia constatou um surgimento de viagens a capitais culturais, onde Lisboa aparece em segundo lugar, e de locais inspirados em séries dos serviços de streaming, assim como um pico na procura de destinos ao ar livre para além das praias.

A busca de experiências significativas, potencialmente transformadoras até, é outra tendência sinalizada por publicações do setor. Voltam a estar na moda retiros de bem-estar, alguns com uma componente psicadélica, ao estilo New Age, que prometem ajudar os viajantes na busca da sua identidade e do sentido da vida. Muitos destes destinos são, sem surpresa, locais luxuosos em ilhas caribenhas.

Com a ameaça de uma recessão mundial ainda a pairar e o aumento do custo de vida que já se faz sentir, é expectável que a relação custo-benefício pese na altura de escolher os destinos e que o low-cost ganhe relevância. Bolsos mais vazios deverão evitar Nova Iorque, Singapura, Tel Aviv e Hong Kong, as cidades mais caras em 2022.

Não sendo novo, a procura pelo “slow tourism” surge de novo como uma tendência que está lentamente a mudar o setor. A vontade de retribuir às comunidades locais, criando com elas os laços possíveis no tempo de uma estadia, e reduzir ao máximo a pegada ecológica são traços de viajantes mais conscientes que aproveitam de uma forma diferente o seu tempo de descanso. Nos próximos anos é expectável o aumento da procura de locais e itinerários muito específicos, com recurso a operadores turísticos altamente especializados, onde se pode mergulhar na natureza e, por exemplo, contactar com as culturas indígena e aborígene.

Depois da “desocupação” involuntária durante a pandemia, regressa o tema do turismo massivo de que Veneza é talvez o exemplo mais visível. Quem visita a cidade de dia é agora obrigado a preencher um formulário online indicando o dia da visita, e pagar uma taxa que vai dos três aos dez euros, dependendo da altura do ano e da quantidade de turistas na cidade. Quem ali pernoita está isento do pagamento por já desembolsar a taxa turística no valor de cinco euros. Os lucros da nova taxa destinam-se a melhorar a cidade e a reduzir o custo de vida dos seus habitantes.

Turismo