VILAR FORMOSO – FRONTEIRA DA PAZ “MEMORIAL AOS REFUGIADOS E AO CÔNSUL ARISTIDES DE SOUSA MENDES”… UM DESPERTAR PARA UMA EXPERIÊNCIA DE EMOÇÕES!

VILAR FORMOSO – FRONTEIRA DA PAZ “MEMORIAL AOS REFUGIADOS E AO CÔNSUL ARISTIDES DE SOUSA MENDES”… UM DESPERTAR PARA UMA EXPERIÊNCIA DE EMOÇÕES!

Vilar Formoso – Fronteira da Paz “Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, integrado no projeto da Rede das Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, é um Centro de Interpretação que relembra o papel de Portugal no acolhimento de refugiados durante a II Guerra Mundial.

Ao manter a sua neutralidade durante esse conflito, Portugal foi um dos raros portos livres da Europa, permitindo, por isso, o embarque para o outro lado do Atlântico. Por essa razão, e depois da capitulação da França, em junho de 1940, milhares de refugiados chegaram às fronteiras portuguesas. A esmagadora maioria – como referiu então o diretor da Polícia política – trazia vistos passados por Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus.

Blanchette Fleur (uma das muitas refugiadas que fizeram questão de aparecer na inauguração) e a filha, junto ao painel com a foto dela em 1942

Grande parte destas pessoas entraram por Vilar Formoso, a principal fronteira terrestre portuguesa. Assim, na última quinzena de junho de 1940, esta vila raiana encheu-se de milhares de pessoas. Artistas, gente anónima, ministros no exílio, cabeças coroadas, etc.

Margarida de Magalhães Ramalho, curadora deste Memorial, refere que “Desde a ascensão do nazismo que algumas famílias, sobretudo alemãs, tinham procurado abrigo em Portugal. Contudo, e até à queda de Paris, o movimento nas fronteiras não foi significativo. Sabemos que desde dezembro de 1939 aos primeiros dias de junho de 1940, a entrada diária de estrangeiros em Vilar Formoso não ultrapassava duas ou três dezenas de pessoas. A partir de meados do mês o número começa a crescer, chegando às duas mil no dia 22. Esse número manter-se-ia mais ou menos até ao final do mês de junho, altura em que os vistos de Sousa Mendes foram inviabilizados e as fronteiras espanholas encerradas temporariamente.”

A 26 de Agosto de 2017, a Câmara Municipal de Almeida inaugurou o Centro de Interpretação Vilar Formoso Fronteira da Paz, Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes. Dividido em seis núcleos, este Memorial tem como objetivo honrar a ação de Sousa Mendes, mas também relembrar a forma como os refugiados foram então acolhidos pelos portugueses.

©António Pedro Ferreira

A adaptação de dois armazéns ferroviários às novas funções é da autoria da arquiteta Luísa Pacheco Marques que, utilizando formas e cores especificas, conseguiu de forma exemplar que a “arquitetura” refletisse o conteúdo histórico. Um dos exemplos mais interessantes é a transformação/distorção da forma cúbica onde se insere o primeiro núcleo – onde se fala da vida dos judeus antes da ascensão de Hitler ao poder, em 1933 – num corredor escuro, afunilado e hexagonal (o hexágono é a forma geométrica onde se insere a Estrela de David, símbolo por excelência do povo judeu) onde se explicam as razões que levaram milhares a fugir do nazismo. Por outro lado, se o ambiente dos três primeiros núcleos é opressivo, os três seguintes, relativos a Portugal, são bem diversos. O espaço torna-se amplo, luminoso, as paredes arredondam-se, como que abraçando, e o cinza escuro até aí utilizado nas paredes dá lugar ao azul céu.

“TALVEZ SEJA BOM OLHARMOS OS OUTROS COMO SE NOS VÍSSEMOS AO ESPELHO”

Margarida Ramalho

No final do Memorial, fotos atuais de famílias que puderam existir graças ao ato de consciência de Sousa Mendes.

Mas este memorial tem outra caraterística. Para além do enquadramento histórico necessário, este é também um espaço onde se relatam histórias de vida de quem passou por Portugal no seu caminho para a Liberdade

Margarida Magalhães Ramalho ©Giogio Bordino

Diz-nos Margarida Ramalho: “conheci pessoalmente quase todas estas pessoas e algumas, vindas de vários continentes, fizeram questão em estarem presentes na inauguração. Foi comovente ver como para elas isso foi importante. Hoje, infelizmente, o sofrimento de milhares de refugiados que fogem da guerra, das alterações climáticas e da fome, mostranos como a humanidade continua a não aprender com as lições do passado e nada nos garante que se hoje são eles que fogem amanhã podemos ser nós. Talvez seja bom olharmos os outros como se nos víssemos ao espelho.”

Desde a sua abertura que as visitas ao memorial, tanto nacionais como estrangeiras, têm aumentado significativamente, destacando-se os segmentos escolares, grupos organizados e famílias. Quem o visita pode ter acesso a:

/ Audioguias em português, inglês, francês e espanhol.
/ Visitas Guiadas sob a orientação de técnicos, realizadas em português, espanhol, inglês e francês, tendo uma duração aproximada de 1h30.
Marcação prévia junto da Divisão de Turismo, através dos e-mails turismo.almeida-almeida.pt ou fronteiradapaz@cm-almeida.pt, contactos
telefónicos: 271 149 451 ou 271 149 459 (chamada para a rede fixa nacional).
/ Peddy papper “O caminho da liberdade e da esperança” dando a conhecer curiosidades e vivências, numa aprendizagem informal.
/ Em casos em que a autarquia decidir que se justifique, a visita guiada pode ser feita pela curadora.

Horários de funcionamento:
Terça a sexta: 9h00 – 12h30 / 14h00 – 17h30
Sábados, Domingos e Feriados:
10h00 – 12h30 / 14h00 – 17h30
Dias de encerramento:
Segunda-feira, 1 de janeiro,
01 de novembro, 24 e 25 de dezembro


Localização e Contactos
Largo da Estação
6355 Vilar Formoso
Telf: 271 149 459
Email: fronteiradapaz@cm-almeida.pt

O legado da herança judaica no concelho de Almeida inclui ainda a Esnoga da Malhada Sorda. Espaço inaugurado a 30 de abril de 2017, igualmente conhecido como Casa do Relógio, teria sido utilizado como uma sinagoga secreta para celebração de culto.

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