“APAGÃO” É A PALAVRA DO ANO 2025

“APAGÃO” É A PALAVRA DO ANO 2025

“Apagão” tornou-se a Palavra do Ano 2025 e impôs-se como síntese das fragilidades tecnológicas que marcaram a vida coletiva portuguesa. “Imigração” e “flotilha” fecharam o pódio das palavras mais votadas.

A Porto Editora divulgou o resultado da votação pública e confirmou “apagão” como o termo que mais ressoou na memória do país. O episódio de abril, que paralisou serviços, transportes, equipamentos hospitalares e sistemas digitais, não foi apenas um contratempo técnico. Transformou-se num símbolo da vulnerabilidade estrutural e abriu debate sobre investimento público, manutenção, cibersegurança e capacidade do Estado para responder a crises de larga escala.

A segunda palavra mais votada foi “imigração”, tema que marcou de forma persistente a agenda política de 2025. A pressão migratória no sul da Europa, os confrontos partidários em torno das políticas de integração, a discussão sobre a revisão da lei da nacionalidade e a crescente instrumentalização do tema no debate televisivo tornaram a imigração numa espécie de campo de batalha discursivo. A tensão entre necessidades económicas, desafios sociais e exploração política esteve presente durante todo o ano, com impacto direto na formulação de programas partidários e na perceção pública do fenómeno.

Logo depois surgiu “flotilha”, expressão que regressou ao centro do debate nacional por via de um episódio que rapidamente se tornou simbólico. A polémica envolvendo Mariana Mortágua e a deslocação numa flotilha durante uma ação política abriu espaço para uma disputa narrativa intensa, com leituras sobre simbolismo político, comunicação pública, exposição mediática e a batalha permanente pelas imagens que moldam o espaço público. A palavra ganhou tração precisamente por encarnar a luta contemporânea pela perceção política e pela gestão de símbolos em tempo real.

As restantes candidatas, da tecnologia à precariedade laboral, das eleições à perceção pública, compuseram uma lista que refletiu o atravessamento de tensões políticas, transformações económicas e episódios que mobilizaram a opinião pública. A Porto Editora baseou a seleção em milhares de sugestões recebidas, no acompanhamento da linguagem mediática e na análise das consultas ao seu dicionário online, reforçando o papel da iniciativa como registo anual das inquietações que moldam o país.

O histórico recente confirma essa função de espelho coletivo. “Liberdade”, escolhida em 2024, surgira num ano de forte reivindicação social; “professor”, “guerra”, “vacina” e “saudade” marcaram o período anterior, cada uma refletindo os temas dominantes do respetivo momento. Em 2025, o lugar simbólico do “apagão” sobrepôs-se a todos, transformando um evento técnico num marco político e social que expôs fragilidades e dependências tecnológicas da sociedade atual.

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