EDITORIAL – EDIÇÃO 12 | JUNHO 2025

EDITORIAL – EDIÇÃO 12 | JUNHO 2025

A importância dos rios para a humanidade é tão vital como a água que neles corre é para todas as formas de vida. Do ponto de vista geográfico e cultural, a história mundial passa muito pelas margens de rios. Foi assim desde o berço da civilização, no vale dos rios Tigre e Eufrates, na antiga Mesopotâmia. Foi também assim que nasceu o império egípcio nas margens do rio Nilo, por exemplo. Cada grande civilização tem os seus grandes rios. O Amazonas na América do Sul, o Mississípi na América do Norte.  

Na Europa, densamente povoada desde há séculos, com a sua geografia recortada, os rios destacam-se mais do que pelo seu tamanho, pela importância económica, histórica e até romântica – que o digam as pontes sobre o rio Sena, em Paris. 

E depois, claro, cada um de nós terá os “seus” rios. Eu, que como se percebe, tenho uma paixão por rios e por História, sinto-me intimamente ligado a vários. Mas os meus mais próximos são, sem dúvida, o Cávado e o Douro. De dimensões e notoriedade muito diferentes, cavaram, cada um à sua maneira, dois dos mais belos vales deste cantinho europeu. O Cávado, totalmente português, nasce na serra do Larouco (Montalegre) e tem no Gerês o seu cenário mais impressionante, antes de cruzar o Minho para desaguar no Atlântico. Já o Douro, mais vasto e célebre, vem de longe (Serra de Urbión – Espanha) e sulcou com paciência os vales de xisto onde se faz o vinho e preserva a alma de uma região. 

Mas os rios, como a História, não se esgotam na paisagem. São movimento constante, sem arrogância. Ensinam-nos, daquela forma discreta mas poderosa, que só a Natureza sabe, a continuar sem gritar, a marcar presença sem se impor. Talvez por isso sejam tão bons mestres. Porque nos lembram que a profundidade raramente é visível à primeira vista. Que o tempo não se mede só em datas, mas também em marcas nas pedras, nas pontes, nas palavras que resistem. É com esse espírito que trabalhamos, procurando criar uma coerência editorial nestas edições, nem sempre fácil, resistindo ao ruído e à pressa. 

E é assim que chega junho, com aquela confiança de quem sabe que é esperado de braços abertos e sorriso rasgado. Traz-nos luz, festas e movimento. Nós voltamos a percorrer o país, as nossas regiões, a frescura dos nossos rios, mas também a escavar e descobrir o passado com as Jornadas Europeias de Arqueologia.  

E fazemos isso com a seriedade que este trabalho exige, com o respeito que os nossos leitores e os nossos protagonistas merecem. Esse respeito terá aqui sempre um guardião, pela exigência de estar à altura do que publicamos, do que fotografamos e criamos. Pela responsabilidade de representar dignamente os nossos parceiros, quem nos lê, quem confia em nós.  

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