Em Portugal prevalece uma herança judaica sefardita já com muitos séculos de existência. Um património cultural e religioso está presente em museus, judiarias, bairros judeus, sinagogas, entre muitos outros locais. Hoje, a comunidade judaica está novamente a crescer no país e o turismo judaico é uma realidade.
As comunidades judaicas sefarditas tiveram um papel crucial no povoamento do território conquistado aos mouros e chegaram a ser protegidos pelos reis portugueses, tendo nessa altura liberdade de culto e de instrução.
Os Judeus foram grandes homens de negócio, da ciência, de letras, filósofos, médicos, entre outras áreas do saber, e isso trouxe grandes contributos para o país. Destacam-se o médico do rei D. Pedro I, Moisés Navarro, o matemático Pedro Nunes e o médico Garcia de Orta. No entanto, em 1496, é aplicado um Édito de Expulsão dos Judeus em Portugal, caso não se convertessem ao catolicismo. Os que se converteram para continuarem no país foram denominados de cristãos-novos.
Apesar da presença judaica deixar de ser algo tão comum em Portugal e acabar até por se desvanecer, os vestígios da sua permanência não desapareceram. “Marcas e inscrições simbólicas esculpidas nas casas das antigas judiarias” ainda se avistam em Trancoso, Belmonte, Guarda, Castelo de Vide, entre outras localidades – explica a Visit Portugal.
No Porto e Carção existem museus judaicos, enquanto em Bragança foram construídos um Memorial e o Centro de Interpretação da cultura sefardita. Já no Espaço Memória do Exílio, no Estoril, é explicada a razão de milhares de refugiados terem escolhido Cascais e Estoril para viver no século XX. Bairros Judeus, judiarias, sinagogas ainda se situam em Lisboa, Porto, Belmonte, Évora e Algarve. Comunidades judaicas também se chegaram a fixar nas ilhas da Madeira e dos Açores.
Os judeus têm existência legal em Portugal desde 1912 e, desde então, a comunidade portuguesa tem diversas origens e culturas. Em Lisboa está presente um judaísmo de origem marroquina e da Europa Central; em Belmonte, no Porto e também em Lisboa verifica-se um judaísmo criptojudaico, que remonta aos judeus já fixados antes da expulsão em 1496; e novamente em Lisboa, Porto e Algarve estão presentes judeus com uma maior abertura política e económica provenientes de diferentes continentes, mas principalmente da América Latina.
Desde 2015, os descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal podem pedir a nacionalidade portuguesa. De acordo com o Diário de Notícias em 2018, esta medida levou a que entrassem no país 12 mil estrangeiros e 1800 já tinham conseguido a cidadania.
O turismo judaico também tem vindo a ser promovido em Portugal, tendo sido criada, em 2011, a rede das judiarias – que começa no cemitério judaico de Faro e termina no museu-sinagoga de Castelo de Vide, passando por Lamego, Guarda, Fornos de Algodres e Elvas.