SINAGOGA DE TOMAR – ONDE A COMUNIDADE JUDAICA ESPALHADA PELO MUNDO É VISITA CONSTANTE

SINAGOGA DE TOMAR – ONDE A COMUNIDADE JUDAICA ESPALHADA PELO MUNDO É VISITA CONSTANTE

Se não contabilizarmos o complexo constituído pelo Castelo Templário e pelo Convento de Cristo, considerado pela UNESCO como Património da Humanidade, e que o ano passado foi o terceiro espaço monumental mais visitado do país, a Sinagoga é o monumento mais procurado em Tomar, tendo tido em 2022 um número de visitantes praticamente equivalente ao de habitantes do concelho.

Apesar de não existir propriamente uma comunidade judaica na cidade atual, a presença quase permanente de visitantes, muitos deles vindos propositadamente de Israel ou de pontos diversos da diáspora, especialmente da América, confere a este lugar uma vivência muito própria.

A Sinagoga de Tomar é o único templo hebraico que se manteve intacto e conservado no nosso país até aos nossos dias, desde meados do século XV, quando foi construído numa época de florescimento da comunidade judaica local e de grande proximidade ao Infante D. Henrique. Seria encerrada ao culto em 1496, aquando da expulsão dos judeus de Portugal, decretada pelo rei D. Manuel I.

Durante séculos, desde o encerramento até à sua aquisição por Samuel Schwarz, em 1923, teve usos diversos, tendo sido prisão, capela católica (é referenciada no século XVII como ermida de S. Bartolomeu), palheiro, celeiro, armazém de mercadorias e arrecadação. Em 1921 recuperaria a sua dignidade, quando foi classificada como monumento nacional. Em 1939, Shwarz doaria a Sinagoga ao Estado Português para 18 – Legado judaico em Portugal – aí instalar a o Museu Luso-Hebraico Abraão Zacuto.

Em 2019, após profundas obras de reabilitação do edifício, foi inaugurado o Núcleo Interpretativo da Sinagoga de Tomar, no espaço contíguo. É composto por dois pisos: o inferior apresenta antigas estruturas arqueológicas existentes no local, enquanto no superior é possível a interação com conteúdos multimédia que dão a conhecer informações relacionadas com a presença dos judeus na cidade.

Exterior da Sinagoga

A arquitetura do edifício da Sinagoga, de fachada discreta, numa rua marcada pela calçada em seixo rolado de onde nascem jardins espontâneos nas frontarias das casas, é composta por uma planta quadrangular e cobertura abobadada assente em colunas e mísulas incrustadas nas paredes, denotando influências orientais. Os capitéis, decorados com motivos geométricos e vegetais, representam as matriarcas de Israel: Sara, Raquel, Rebeca e Lea. Às colunas ligam-se doze arcos, símbolo das Doze Tribos de Israel. Um singular sistema de amplificação acústica (oito cântaros de barro colocados na alvenaria de cada canto superior da sala) amplifica o som dos cânticos rituais, tornando-a também num espaço muito adequado para concertos intimistas.

O templo fica situado na Rua Joaquim Jacinto, a antiga Judiaria, em pleno Centro Histórico e a escassas centenas de metros de locais emblemáticos como a Praça da República, com o antigo palácio de D. Manuel (atualmente os Paços do Concelho) e a igreja de S. João Baptista; ou o Complexo Cultural da Levada, onde o Centro Interpretativo Tomar Templário conta de forma interativa a História do concelho e se pode encontrar relevante património industrial como a Fundição, a Central Elétrica ou a Moagem. Até final de março, pode ser visitada de terça-feira a domingo entre as 10 e as 12 e as 14 e as 17 horas. De abril a setembro encerra uma hora mais tarde, quer de manhã, quer à tarde.

http://www.visit-tomar.com/

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