O Caminho de Santiago em Ponte de Lima

O Caminho de Santiago em Ponte de Lima

A passagem do Caminho Português de Santiago em Ponte de Lima tem razões históricas profundas, associadas à importância da sua localização no território do Entre Douro e Minho. A devoção ao Apóstolo e a peregrinação a Compostela traduziram-se, ao longo dos séculos, na criação de um notável património, que persiste e urge preservar e valorizar.

O Caminho faz-se, caminhando, siga o nosso itinerário

Ponte de Lima, situada numa importante encruzilhada, integrava esse caminho trilhado pelos peregrinos vindos do Sul, pelo Porto, Rates e Barcelos. O itinerário, percorrido ao longo de séculos até à atualidade, é enriquecido patrimonialmente com capelas, santuários, alminhas e cruzeiros aos quais foram incorporadas variadas estruturas de apoio tanto de índole material quanto espiritual.

A existência de hospitais, albergarias, mosteiros, pousadas e vendas com referências a peregrinos, assim como caminhos velhos, pontes e barcas de passagem, referências na toponímia, certas lendas e tradições, igrejas paroquiais dedicadas ao Apóstolo, ou capelas públicas e particulares, imagens e devoções associadas a São Tiago – são alguns dos critérios que definem os caminhos de peregrinação a Santiago.

Devoção

Prova da importância do culto e devoção ao Apóstolo São Tiago em Ponte de Lima são as cinco igrejas paroquiais a ele dedicadas – sendo este o maior número entre os vários concelhos do Alto Minho. Entre estes templos paroquiais dedicados a São Tiago temos a de Poiares, próxima do Caminho, e a da Gemieira a sul do Rio Lima; e as de Fontão, Brandara e Cepões a norte.

Albergue de Peregrinos de Ponte de Lima

A criação do Albergue de Peregrinos, em 2009, foi a resposta às necessidades dos peregrinos e é um local de acolhimento de referência em todo o caminho.

Itinerário

O itinerário rumo a Santiago de Compostela em Ponte de Lima começa na freguesia de Poiares. Junto à Capela de São Sebastião e ao Cruzeiro do Senhor das Necessidades segue-se um percurso em direção à Igreja Paroquial de Vitorino das Donas.

Mais acima na Portela da Facha, à esquerda, inicia-se a descida por um caminho de monte, que lentamente dá lugar a uma secção da via entre campos e casario, junto ao Lugar de Albergaria.

Mais à frente e abaixo no caminho, surge a Capela de São Sebastião na freguesia da Facha. O caminho prossegue e penetra na freguesia da Seara, passa entre a Casa do Bom Gosto e a Casa Grande. Atravessa seguidamente a veiga da antiga villa corneliana (Correlhã), que D. Ordonho II, em 915, doou à Diocese de Santiago de Compostela, para benefício dos pobres e peregrinos.

O percurso faz-se em terreno plano, com alguns apontamentos arquitetónicos que sobreviveram de outros tempos. É transposto o Lugar do Paço, onde se situa a Capela de São Tiago, e depois o Lugar da Pedrosa, classificado como Imóvel de Interesse Público em 1983. Um pouco mais à frente, no Lugar de Barros, passa-se pela Capela de São Francisco e cruza-se, na ponte de pedra de um só arco, o rio Trovela, para chegar à Capela de Nossa Senhora das Neves.

Património

O pórtico de entrada na vila de Ponte de Lima é formado pela Capela de Nossa Senhora da Guia. O romeiro percorre depois a Avenida dos Plátanos. A meio e à sua direita, avista o complexo monumental composto pelo antigo Convento de Santo António dos Capuchos e pelo edifício da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que hoje formam o Museu dos Terceiros.

O peregrino acedia ao interior da vila através da Porta e da Torre do Souto, início da Rua Direita, que se estendia até à Torre de São João, no outro extremo da vila. Em frente à Rua do Souto, próximo do chafariz nobre trasladado para o Largo de Camões, ficava a chamada Rua das Estalagens, onde em 1480 D. Leonel de Lima mandou edificar o Hospital dos Peregrinos. Em pleno centro da vila está situada a Igreja Matriz.

Prosseguindo pela antiga Rua Direita, vamos deparar, na atual Rua Beato Francisco Pacheco. Saindo à esquerda encontramos o Largo de Camões e logo de seguida transpomos o rio Lima através da grandiosa ponte gótica. No fim da ponte medieval, já na freguesia de Arcozelo, alça-se a Igreja de S. António da Torre Velha. Um pouco mais distante, no Campo do Arnado, pontifica a Capela de São Miguel Arcanjo. Prosseguindo, passamos a ponte romana, que se apresenta fora do leito atual do rio, um dos monumentos mais distintos da antiga Via XIX.

Imediatamente a seguir, no Largo da Alegria, está situado o Albergue de Peregrinos de Ponte de Lima, onde o peregrino pode recuperar as forças para o dia seguinte. O itinerário continua através da Rua Trás-os-Palheiros, ao Caminho das Tojeiras, seguido da Ponte do Arquinho.

Depois de atravessada a Estrada Nacional 202, segue-se a Rua das Cancelinhas, junto à casa da Quinta de Sabadão, que nos leva até próximo da Igreja Paroquial de Santa Marinha de Arcozelo. Seguindo até à Ponte da Geia, o caminho continua até à Quinta das Borralhas, já próximo da fronteira entre as freguesias de Arcozelo e Labruja. Aí tem início um percurso junto ao rio Labruja, que vai desembocar ao Lugar do Salgueiro, já junto à Estrada Municipal 522, alguns metros a montante da Ponte do Arco e com a Capela de São Sebastião à esquerda.

O Caminho acompanha a Estrada 522 até ao Cruzeiro e à Capela de Nossa Senhora das Neves. Daqui inflete-se à esquerda para Valinhos através da Rua do Caminho Português de Santiago, começando uma subida prolongada, que só vai terminar ao ser retomada de novo a Estrada Municipal 522, antes da descida para a Fonte das Três Bicas. Para trás ficaram já, a Igreja Paroquial da Labruja, e o famoso santuário barroco do Senhor do Socorro.

A via empedrada logo cede lugar ao alcatrão da Estrada Municipal que, vê assomar o troço em terra que dá início à subida do Monte da Labruja. Uma ligeira clareira permite, um pouco à frente, observar em baixo, à direita, a Capela de Santa Ana.

Continuando a subida gradual pelo monte, encontra-se uma bifurcação. À direita está assinalada a antiga ermida de São João da Grova. O caminho é seguido pela esquerda, e aqui vai começar a subida mais inclinada de todo o Caminho Português de Santiago. Mais acima aparecerá a Cruz dos Franceses. Para o término da íngreme subida, na Portela da Labruja, nos limites entre Ponte de Lima e Paredes de Coura, ainda faltam umas poucas centenas de metros…

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