Esta Vila é conhecida por ter albergado uma forte comunidade judaica, facto que permaneceu na memória popular até aos nossos dias.
O edifício do século XVIII onde se encontra “O centro de memoria judaica” é apontado como sendo a sede da antiga sinagoga. O município de Vila Nova de Paiva comprou e restaurou a casa, mantendo a traça original. O projeto faz parte da Rede de Judiarias de Portugal e pretende divulgar e preservar o património histórico e cultural e dar a conhecer a nossa história e o território.
Não podemos saber a origem e a antiguidade desta comunidade, mas a sua presença na vila é na realidade indesmentível, pois alguns processos foram levantados na Inquisição por Judaísmo.
Vila Cova à coelheira era, no início do sec. XVI, uma pequena vila rural onde a maioria da população seguia a lei de Cristo e, até ao seculo XX, a separação entre as duas comunidades cristã e judaica, era uma realidade.
No entanto, o forte controlo social por ser comenda de uma ordem militar e religiosa (Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta) não impediu que por casamento ou mobilidade algumas famílias de cristãos-novos se estabelecessem e aí continuassem a professar a sua fé. As pessoas ainda falam do primeiro casamento misto que houve na povoação tal como se fala da cerca judaica ou do cemitério dos judeus.
“Não me queres por eu ser pobre,
Eu a ti por seres judeu,
Olha a diferença que faz,
Do teu sangue para o meu”
Quadra popular replicada nas cantigas desta Vila
A imagem que o povo da época tinha desta comunidade era uma imagem parcial e distorcida que permitiu desenvolver muitas lendas e histórias mas, na verdade, os Judeus tal como os Cristãos dedicavam-se a todas as atividades laborais.
Perpetuado pelo imaginário popular e pela tradição oral, a memória coletiva refere a existência de uma comunidade organizada com a sua judiaria e sinagoga. Há hábitos, usos e costumes, até há bem pouco tempo praticados no dia à dia da população que se julga terem origem judaica. Também há nesta vila vestígios arquitetónicos da existência desta comunidade, nomeadamente, cruzes esculpidas nas ombreiras das portas de entrada de algumas casas.
São as histórias das famílias judaicas, dos cristãos-novos e suas práticas e tradições judaizantes que nos permitem afirmar que no edifício agora conhecido como “O centro de memória judaica” seria o lugar de culto praticado às escondidas que, apesar de não haver prova documental do mesmo, o povo sempre lhe chamou a sinagoga.
É esta a história de um povo que viveu em Vila Cova à Coelheira, essencialmente oculto mas à vista de todos! Com conteúdos de qualidade, suportados por um sistema expositivo atrativo e contemporâneo, este centro oferece uma visão histórica sobre as memórias e as histórias de uma tradição oral que associa a presença judaica a Vila Cova da Coelheira.
O Centro de Memória Judaica de Vila Cova à Coelheira
Horário de funcionamento (todo o ano)
Quarta, Sexta e Sábado:
09h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h30
Rua do Mosteiro, 3650 – Vila Cova à Coelheira
Tel.:: 232 609 900 (Chamada para a rede fixa nacional)
email: turismo@cm-vnpaiva.pt