O novo cinema português no Curtas Vila do Conde

O novo cinema português no Curtas Vila do Conde

A 31º edição do Festival Curtas de Vila do Conde, a realizar-se entre 8 a 16 de julho, contará com 45 filmes nas competições nacional e internacional, havendo uma aposta crescente no mais recente cinema português. O jovem cineasta João Gonzalez, autor do “Ice Merchants”, é o detentor da “carta branca” desta edição.

O festival vila-condense, dedicado às curta-metragens, realiza-se de 8 a 16 de julho, com 45 filmes em competição nacional ou internacional e secções de uma grande diversidade geográfica e de estilos, tais como a ficção, o documentário e a animação. As possibilidades e tendências do próprio cinema serão também um tema em reflexão durante o festival.

A abrir o Curtas, no dia 8, pelas 19 horas, será exibida a longa-metragem “2000 Espécies de Abelhas”, em antestreia nacional, da cineasta Estibaliz Urresola Solaguren. O filme desdobra-se perante os temas da família e da identidade de género, o que fez Sofía Otero, de 9 anos, ganhar, em Berlim, o Urso de Prata para Melhor Interpretação Principal. A longa-metragem terá a sua estreia comercial a 20 de julho.

A competição portuguesa é um dos grandes destaque deste ano, havendo uma maior produção nacional, refere o diretor do festival, Nuno Rodrigues, destacando que foram submetidos 180 filmes. Destes foram selecionados 16 para entrar na competição: As obras “Corpos Cintilantes”, de Inês Teixeira, que estreou em Cannes; “Natureza Humana”, de Mónica Lima, já premiado em Roterdão; a animação “Sopa Fria”, de Marta Monteiro; “2720”, de Basil da Cunha, um jovem talento que já foi premiado com outro projeto no Curtas. Outros autores de regresso são Mário Macedo, com “Cul-de-sac”, Pedro Neves com “Sonhos de uma Revolução”, entre outros.

Durante toda a semana, fora das secções de competição, irão ser exibidos filmes portugueses, produzidos de norte a sul de país, tais como o “Pátio do Carrasco”, de André Gil Mata; “Naquele Dia em Lisboa”, um documentário experimental de Daniel Blaufuks e “O Homem das Pernas Altas“, uma animação de Vítor Hugo Rocha. Destaca-se também o programa Fábrica de Realizadores, proveniente de “Factory” do Festival de Cannes, que este ano se dedica ao cinema do norte de Portugal: conta com a estreia de três curta-metragens, sendo elas “Espinho”, de André Guiomar e Mya Kplan, “Maria”, de Mário Macedo e Dornaz Hajiha e “As Gaivotas Cortam o Céu”, de Mariana Bártolo e Guillermo Garcia Lopez.

Em competição internacional destaca-se as estreias nacionais “Camarera de Piso”, de Lucrecia Martel, “Carta a Mi Madre Para Mi Hijo”, de Carla Simón, “L’effort des Hommes”, de Jean-Gabriel Périot e “Fala da Terra”, de Benjamin de Burca e Bárbara Wagner.

“Temos um conjunto de obras fortes entre documentário, ficção e animação, de autores que já fizeram parte da história recente do Curtas e muitos outros, que surgem pela primeira vez no festival”, afirmou o diretor do festival, Nuno Rodrigues, em declarações à agência Lusa.

Para a organização, o encerramento do festival terá de ser feito por um veterano, um realizador que regressa ao Curtas com “Retratos Fantasmas”, a sua mais recente obra. Kleber Mendonça Filho traz “uma declaração de amor ao Recife”, refere o comunicado de imprensa, havendo um foco na sua história, mudanças, cinemas e pessoas que ali vivem.

Augusto Cabrita

Revisitar o cinema enquanto se conhece novas criações

O festival Curtas, em parceria com o FILMar e a Cinemateca Portuguesa, regressa com a secção “Cinema Revisitado” e decide recordar a obra do fotógrafo, realizador e diretor de fotografia Augusto Cabrita, no centenário do seu nascimento (1923-1993). Estão programadas um conjunto de sessões de cinema, conversas e uma exposição que transmite a sua perspetiva da área cinematográfica.

Como não podemos ficar presos ao passado, a secção “New Voices” destaca a obra de um jovem cineasta, sendo, este ano, a do português João Gonzalez. Neste festival o cineasta terá “carta branca” para apresentar uma seleção de filmes, incluindo alguns seus e uma exposição dedicada ao processo criativo da curta-metragem “Ice Merchants”, a que lhe deu uma nomeação para os Óscares.

“Ice Merchants”, de João Gonçalves

Haverá também programas focados nas obras de Billy Roisz, Deborah Stratman e Radu Jude, para além de dois filmes-concertos, interligando a música com o cinema: Bohren & der Club of Gore x Le Révélateur, de Philippe Garrel será exibido a 13 de julho, às 23:30 horas, no Teatro Municipal de Vila do Conde e, no dia seguinte, no mesmo local e à mesma hora, será a vez de Miaux x Carnival of Souls, de Herk Harvey. No dia 10 de julho, às 23:30 horas e no mesmo local que os filmes-concertos haverá um concerto dos TURBO JUNK I.E.

O público infantojuvenil terá um programa especial de cinema e oficinas só para si, incluindo uma competição de cinema de escola Take One e o Prémio do Público Europeu.

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